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Desabamento de prédios no Centro: bombeiros acham corpos e buscam desaparecidos

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publicado em 26/01/2012 ás 17h06

Chegou a quatro o número de corpos resgatados pelos bombeiros nos escombros dos três prédios que desabaram por volta de 20h30m da noite de quarta-feira, na Cinelândia, no Centro do Rio. Até o momento, portanto, há 20 pessoas desaparecidas, da lista da prefeitura com 24 nomes. Segundo o Instituto Médico Legal, dois corpos já foram reconhecidos por parentes. São eles: Celso Renato Cabral Filho, de 44 anos; e Cornélio Ribeiro Lopes, 73 anos, porteiro do prédio número 44 da Avenida Treze de Maio. Um corpo ainda não identificado já foi levado para o IML, e o quarto corpo acabou de ser encontrado entre os escombros. Os demais desaparecidos são: Omar José Mussi, 48 anos; Amaro Tavares da Silva, 40 anos; Sabrina Prado, 30 anos; Alessandra Alves Lima, de 29 anos; Ana Cristina Silveira, 50 anos; Bruno Charles, 25 anos; Daniel de Souza Jorge, 26 anos; Fábio Correia; Flávio Porrozi, 23 anos; Gustavo Cunha; Kelly Menezes; Luís Leandro Vasconcelos, 40 anos; Moisés Morais da Silva, 43 anos; Marcelo de Lima, 48 anos; Margarida de Carvalho, 65 anos; Nilson Ferreira, 50 anos; Priscila Montezano, 23 anos; Roosevelt da Silva; Flávio de Souza, 70 anos; Marlene; Franklin; e Yokama.

Cinco pessoas foram hospitalizadas no Souza Aguiar, e duas já tiveram alta. Uma outra pessoa deu entrada no Hospital estadual Getúlio Vargas e também já foi liberada. O primeiro corpo encontrado pelos bombeiros foi reconhecido no início da tarde. É Celso Renato Cabral, que trabalhava em uma empresa de contabilidade, segundo seu primo José Alves.

— Ele era uma pessoa muito bem-humorada. Muito gente boa. Não conheço ninguém que tenha sido melhor que ele — disse Alves.

Uma coluna de fumaça negra começou no fim da tarde desta quinta-feira a tomar conta da área onde é feito o trabalho de resgate das vítimas do desabamento dos três prédios. A fumaça é oriunda de focos de incêndio que estão no meio dos escombros. Segundo o secretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, esses focos aparecem quando as máquinas retiram pedaços de laje e outros tipos de escombros. Não é a primeira vez que a fumaça toma conta do local. Ao longo do dia, isso aconteceu diversas vezes. Quando isso acontece, as equipes de resgate jogam água sobre o escombros.

O coronel Simões disse no fim da manhã que pelo menos um representante de cada família de possíveis desaparecidos foi levado ao IML para tentar reconhecer os corpos já resgatados. São cerca de 20 parentes, transportados em duas vans. Entre eles, estava a secretária Sandra Ribeiro, de 40 anos, que procurava o pai, Cornélio Ribeiro – já identificado entre um dos mortos. Ele trabalhava como porteiro no edifício Liberdade. Sandra soube na quarta-feira do acidente, foi ao local, mas não conseguiu obter informação.

— O que me informaram hoje é que encontraram um corpo com o celular do meu pai no bolso. Estamos indo lá para ver se é ele mesmo — lamentou a filha, antes de identificar o corpo do pai no IML.

A Secretaria municipal de Assistência Social informou que vai arcar com as despesas de enterro dos mortos cujas famílias não têm condições financeiras.

Acompanhe em tempo real o dia seguinte aos desmoronamentos

Até a manhã de quinta-feira, seis pessoas feridas foram resgatadas, sendo que cinco deram entrada no Hospital Souza Aguiar, entre elas, Marcelo Antonio Moreira, zelador de um dos prédios, e Francisco Rodrigo da Costa, operário que trabalhava dentro de outro prédio que caiu e foi resgatado no elevador. Ambos tiveram ferimentos leves. Uma mulher, porém, Cristiane do Carmo, de 28 anos, está com traumatismo craniano e com uma fratura no braço. Ela passou por uma cirurgia na unidade. O Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, atendeu durante a noite de quarta-feira uma paciente de 48 anos, que chegou por conta própria contando que caiu após os desabamentos. Ela apresentava escoriações superficiais e recebeu alta. A paciente chegou com as roupas cobertas de pó, disse que trabalha em um prédio em frente ao local do acidente e que optou por ir ao Getúlio Vargas por ser mais próximo de sua casa.

Segundo o subsecretário da Defesa Civil, Márcio Mota, três prédios vizinhos aos que caíram estão interditados preventivamente, e os do entorno na Avenida Treze de Maio estão fechados para evitar a circulação de pessoas pelo local, o que prejudicaria os trabalhos de busca por vítimas, a prioridade no momento. Ainda de acordo com Motta, num segundo momento, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli vai periciar a área.

Por volta das 10h desta quinta-feira, funcionários do prédio de número 118 da Rua Senador Dantas, para onde está sendo desviado o trânsito na região, dizem que o edifício foi evacuado pela Defesa Civil. No entanto, o órgão nega. O edifício Liceu Literário Português, que tem nove andares (com 17 salas comercias cada) e não fica na mesma rua dos que desabaram, está localizado a 200 metros do local dos desmoronamentos. Segundo o administrador do prédio, Albino Melo da Costa, a medida foi tomada por precaução, e não teria sido constatado qualquer rachadura ou abalo nas estruturas do imóvel. Cerca de 600 pessoas trabalham no prédio.

A presidente Dilma Rousseff, que está em Porto Alegre para o Fórum Social Temático, falou por telefone, na manhã desta quinta-feira, com o governador Sérgio Cabral e com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, oferecendo apoio do governo federal para os trabalhos de socorro às vítimas do desabamento. Dilma também prestou solidariedade às famílias das vítimas e aos sobreviventes do tragédia. A presidente cancelou sua ida ao Rio, marcada para sexta-feira, quando participaria da inauguração da ponte ligando o campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) à Linha Vermelha.

O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, também manifestou solidariedade diante da tragédia, por meio de nota. Dom Orani pediu orações aos familiares dos falecidos e convidou amigos e autoridades para a missa de sétimo dia na intenção dos mortos na tragédia. A cerimônia está marcada para o próximo dia 2 de fevereiro, às 10h, na Catedral São Sebastião, na Avenida República do Chile.

Segundo o secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, cem homens estão trabalhando na retirada dos escombros dos três prédios que desabaram. As equipes usam retroescavadeiras e pás mecânicas. Osório diz que a remoção dos escombros é paralisada a todo momento para que os bombeiros procurem sobreviventes, com o apoio de cães farejadores. Há muita poeira e fumaça nos arredores do local do desabamento, onde agentes trabalham com máscaras. Além da poeira levantada pelo trabalho dos bombeiros, houve pequenos focos de fogo em meio aos destroços pela manhã. As chamas são provenientes do contato do gás das tubulações que romperam com material inflamável.

Pela manhã, um forte cheiro de fumaça e de queimado assustou os passageiros do Metrô Rio. Segundo a assessoria de imprensa da concessionária, esses problemas são reflexos do desabamentos dos prédios. Apesar de a estação mais próxima do local ser a Carioca, o mau cheiro se espalha para outras estações, como a Uruguaiana. A Metrô Rio informou, ainda, que a equipe de manutenção foi ampliada para o caso de haver algum incidente por causa dessa fumaça, mas até o fim da manhã não foi registrada qualquer ocorrência. As linhas 1 e 2 operam normalmente e, segundo a concessionária, a movimentação de passageiros foi normal durante a manhã.

O tenente-coronel Julio César Mafia, oficial de dia do Quartel de Operações com Cães da Polícia Militar, acredita que há possibilidade de encontrar sobreviventes nos escombros dos três prédios. Segundo ele, as vítimas podem conseguir sobreviver em bolsões de ar que se formam nesse tipo de acidente. Ele comparou o caso ao desabamento das torres do World Trade Center, em Nova York, após terem sido atingidas por aviões em um ataque terrorista em 11 de sembro em 2001. O oficial lembrou que foram encontrados sobreviventes dias depois do colapso dos edifício.

— É um trabalho ligeiro, porém feito com cautela porque acreditamos que é possível encontrar pessoas nesses bolsões de ar. Estamos trabalhando com muito cuidado para evitar novos desmoronamentos.

Escombros estão sendo depositados no Aterro de Gramacho

Os escombros dos três prédios que desabaram estão transportados para um terreno da prefeitura, na Zona Portuária. De lá, são transferidos, em carretas maiores, ao Aterro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias. O secretário Carlos Roberto Osório disse que a quantidade de escombros ainda não foi estimada. Isto deve ser feito ainda na noite desta quinta-feira. Segundo ele, ainda não é possível saber quando será encerrado os trabalhos de limpeza dos terrenos onde ficavam os prédios e das ruas dos entornos.

– A remoção está sendo feita com todo cuidado, uma vez que buscamos possíveis sobreviventes. Cem homens das secretarias de Obras, Conservação e Comlurb trabalham na limpeza. A primeira retroescavadeira chegou ao local da tregádia 20 minutos depois do Corpo de Bombeiros, ainda na noite de ontem (quarta-feira). No momento, dez máquinas pesadas trabalham no local – informou Osório.

Hemorio pede doações de sangue

O Hemorio pede que a população faça doações de sangue para atender às vítimas dos desabamentos. A assessoria do centro informou que o estoque já estava abaixo do normal. Até o momento não foram utilizadas grandes quantidades de sangue, mas o órgão está em alerta para possíveis emergências. O Hemorio funciona na Rua Frei Caneca 8, no Centro, e funciona das 7h às 18h. Para doar sangue é preciso ter entre 16 e 68 anos (menores de idade precisam estar acompanhados dos responsáveis), estar bem de saúde, ter mais de 50 quilos e levar um documento de identidade.

A Secretaria de Estado de Saúde colocou em alerta todos os hospitais da rede pública estadual, além das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca e de Botafogo, que são as mais próximas ao local dos desabamentos. Pelo mesmo motivo, o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro, é o que está recebendo as vítimas.

O secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, disse na manhã desta quinta-feira, em entrevista à Rádio CBN, que o plano de contingência foi acionado e que menos de 30 minutos depois do acidente todos os serviços de emergência dos hospitais estaduais, municipais e federais do estado já estavam em alerta. Segundo Côrtes, a população deve evitar ir ao local dos escombros, pois a poeira que está no ar pode causar problemas alérgicos:

— A poeira vai para os pulmões e não sabemos que tipos de substâncias estão ali. O ideal é que somente os profissionais que estão trabalhando fiquem no local. Curiosos atrapalham e estão se colocando em risco. Ontem, quando cheguei em casa, meu terno que era azul estava cinza. Lembrou a imagem do 11 de setembro.

Usuários de serviços na região do desabamento têm alternativas

Em nota, o banco Itaú Unibanco informou que a agência número 0607 funcionava num dos prédios que desabou na Avenida Treze de Maio. Não há registro de que havia funcionários ou clientes do banco no local na hora do acidente. “A agência não passava por reformas e não tinha hall de atendimento com caixas eletrônicos”, diz a nota. A partir desta quinta-feira, os clientes da agência afetada serão atendidos pela agência 8468, também localizada na Avenida Treze de Maio.

Já a loja da rede Mundo Verde, que na quarta-feira chegou a ser divulgado que estaria destruída, não teria sido atingida. Em nota, a rede afirma que nenhuma loja foi atingida na tragédia:

“A diretoria da rede Mundo Verde lamenta o corrido e se solidariza com as famílias, Prefeitura e o Governo do Estado. Segundo o diretor de marketing da rede Mundo Verde, Donato Ramos, o acidente foi uma fatalidade”, diz nota.

Também por causa da interdição da Avenida Treze de Maio, a Caixa Econômica Federal informa que seu edifício-sede, situado na Avenida Rio Branco 174, não estará aberto ao público nesta quinta-feira. As agências Rio Branco e Largo da Carioca também estarão fechadas. “O público poderá dirigir-se às outras unidades da Caixa ou lotéricas nas imediações. Também estará à disposição o telefone da Central de Atendimento Caixa (0800-7260101). A programação da Caixa Cultural – Unidade Barroso, localizada no edifício-sede, também foi suspensa. O Teatro Nelson Rodrigues, na Rua Chile, mantém o funcionamento normal”, diz a nota do banco.

O Detran informou, na tarde desta quinta-feira, que tendo em vista a completa interdição da Avenida Treze de Maio, estão suspensos os agendamentos para as seguintes clínicas médicas ali situadas: Cemt – Clínica Especializada em Medicina do Trânsito Ltda; CentroMédico Psicólogico Santa Antônio Ltda; Clínica de Medicina e Psicologia do Trânsito Metrô Cinelância e Detramed Medicina do Trânsito Ltda. Os clientes que seriam atendidos hoje, nestas clínicas, estão sendo encaminhadas para outras clínicas também situadas no Centro do Rio.

A Light esclareceu, no início da tarde desta quinta-feira, que por questões de segurança, a empresa foi acionada na quarta-feira, por volta das 21h, pelo Corpo de Bombeiros, para ficar à disposição, caso houvesse necessidade de interromper a energia elétrica para trechos próximos ao local dos desabamentos. Atendendo as orientações dos bombeiros, três endereços tiveram o fornecimento de energia desligado na noite de quarta-feira. São eles: Rua Manoel de Carvalho 16 e Rua 13 de Maio 40 e 44.

Já a Cedae informou que o fornecimento de água na região está normal. Segundo a assessoria de imprensa, o abastecimentos aos prédios vizinhos também está normal.

O Globo