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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

1817 e o Engenho do Meio

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publicado em 23/06/2024 às 08h21

Numa ida despretensiosa a Vitória no Espírito Santo, me deparei de imediato com o nome Domingos Martins. Uber, pousada, amigo, amiga, televisão e Instagram, todos me jogaram informações que eu não pedira. Um sinal?

A história, nossa rica história de Capitania nos leva a outros nomes dos Mártires da Revolução dos padres ou Insurreição Pernambucana, filha dos ideais da Revolução francesa, dos iluministas, dos liberais e maçons, e, por fim, dos abusos de gastos da família real que a cada dia aumentavam tributos e levavam os lucros e investimentos do ouro branco, nosso rico polo açucareiro, plantações vultosas dos estados da Paraíba, Pernambuco e Ceará.  

Domingos era capixaba exitoso em Recife e junto com o Amaro Gomes Coutinho, pernambucano de sucesso nos negócios na Província Paraíba, Frei Caneca, Cruz Cabugá e tantos outros empresários, padres e intelectuais desses três estados que se rebelaram contra os desmandos da Corte. Morreram todos de formas horríveis. Domingos Martins foi bem homenageado e vim ver e curtir sua bela cidade aqui na Serra Capixaba de uma montanha de cor azulada que muda de tonalidade no decorrer do dia batizada de Pedra Azul.

Mas nosso quase paraibano Amaro Gomes Coutinho, não tem uma homenagem em nosso estado, uma injustiça, pois de nosso mártir fazendeiro em Itabaiana, dono do engenho Tibiry, pouco se fala, após o esquartejamento e arrasto por cavalo de Recife a cá. Na época, partes suas foram salgadas e espalhadas pela Paraíba para que ninguém mais ousasse questionar a monarquia. Sua cabeça foi retirada do Palácio do Bispo a mando de sua esposa que alforriou um escravo para que executasse o “furto” para que ela a enterrasse na Capela do Engenho do Meio em Santa Rita onde permanece até hoje por lá. Por falta de homenagens, as más línguas trocavam o sobrenome “coutinho” por “coitado”. Uma lástima!

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