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Marcos Pires é advogado, contador de causos e criador do Bloco Baratona. E-mail: [email protected]

Precatórios, jaboticabas e Waldemar

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publicado em 29/06/2024 às 07h00
atualizado em 28/06/2024 às 15h22

É comum ouvir por aí que somente no Brasil existem precatórios e jaboticabas. Quanto aos precatórios sou testemunha da sua crueldade, assistindo os governos humilharem os servidores públicos com atrasos de até 30 anos nos pagamentos do que lhes é devido.
No que diz respeito às jaboticabas eu já as encontrei na “Harrods” em Londres. Nada demais porque ali também vendem pitombas. É só topar pagar o estratosférico preço cobrado. Se vem do Brasil eu não sei, mas de uma coisa tenho certeza absoluta; mesmo que algum outro país produza jaboticabas ou utilize precatórios, nenhum deles, mas nenhum mesmo, tem alguém parecido, nem de longe, com Waldemar da Costa Neto.
Waldemar era conhecido na adolescência como Boy e morava em Mogi das Cruzes (SP) mas ia sempre ao Rio de Janeiro onde hospedava-se nos melhores hotéis e tome farra. Em pequeno seu pai profetizava que o filho não daria para nada na vida. Teria sido melhor que as previsões do velho Waldemar tivessem se concretizado. Com grana e prestigio, o pai o elegeu deputado federal e ele descobriu que não apenas era somente mais um entre os 516 representantes do povo. Ele era ninguém em meio àquele oceano de “sabedoria”. Para mudar a situação começou a financiar colegas parlamentares nos caríssimos carnavais cariocas com tudo pago por ele. Enfim conseguiu ser escolhido pelos pares para dirigente do PL. Ali descobriu seu caminho e contrariando a previsão paterna tornou-se o mais importante dirigente partidário do Brasil. Bem verdade que suas excursões aos carnavais do Rio terminaram quando infiltrou a modelo Lilian Ramos no camarote do então Presidente Itamar Franco. A “icônica” foto da moça sem calcinhas abraçada ao presidente tomou conta do imaginário nacional e eventualmente levantou a “moral” do velhinho, porém encerrou a fase carnavalesca de Waldemar. A partir de então o intrépido político dedicou-se a fazer política com outros políticos e sempre soube estar do lado certo, tirante o governo FHC. Nas últimas eleições filiou Bolsonaro ao seu partido, mas teve o cuidado de segredar a Lula que se ele vencesse estaria ao seu lado. Verifiquei; alguns deputados do PL votam com o atual presidente. Quanto a Waldemar comanda hoje um partido com quase 100 deputados e novecentos milhões de verba. Não entende nada de economia, política externa ou qualquer assunto que não seja aumentar sua bancada distribuindo grana, obviamente. Ao redor do mundo não existe outro igual, prova da triste realidade brasileira.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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