João Pessoa, 29 de junho de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro

ÚltimaHora
Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Ela e ele

Comentários: 0
publicado em 29/06/2024 às 07h00
atualizado em 29/06/2024 às 07h31

(para jória guerreiro e dona heide cabral)

O muito que sei aprendi com meus pais e os livros. E “tinha” somente a certeza, dos amigos do peito e nada mais”. O “tenha” da letra  de Casa no Campo de Zé Rodrix – que Elis gravou, toquei pelo “tinha”.

Essa semana duas pessoas falaram comigo sobre meus textos, sem elogios, mas uma elegia forte. Elas comentaram algo como se eu me desnudasse, mas não foi exatamente assim.

As duas pessoas, duas mulheres, lembraram textos em que escrevi sobre minha mãe, de quando eu disse que ela não sabia ler, nem escrever. Claro que isso ainda mexe comigo. Não é fácil ter um pai que lia muitos livros, que me ensinou a ler, e uma mãe, uma mãe zelosa, dona de casa.

Ele e ela. “Sua mãe era uma mulher bonita”, dizia meu pai e eu achava ela bonita, bonita.

Aprendi com meu pai e tudo o que não sei aprendi sozinho. Minha mãe era dura, não gostava de brincadeiras, mandava cortar meu cabelo estilo militar e eu ficava um  menino feio.

Menino grande, só sabia que aquela era a primeira margem do rio, mas não sabia que o rio tinha muitos quilómetros – sabia onde era a sua nascente – pai e mãe.

Sou o último filho, de uma récua de 9.

Lembro com alegria quando minha mãe conheceu o mar do Bessa, (onde morava meu irmão William) Ela ficou impressionada com as ondas, sem conhecer  o refrão da  canção de Lulu Santos –  de que nada do que foi será.

Eu queria o mar, sem saber onde era o mar ou, se calhar, também ainda não sabia de mim, longe de pai e mãe.

Sabia que do rio da vida atravessava com bons canoeiros, os homens de boa vontade.

A vida com ela, foi curta e esticada – tive que sair da linha, mesmo que demorasse uma eternidade. Minha mãe mandava eu chamar meu pai, para almoçar, quando eles estavam de  mal.

Essa história é real, impossivelmente real, com pessoas, mobilias, ruas e cidades, por dentro e por fora. Estamos aí.

Kapetadas

1 –  Assisto streaming, claro, para não querer  só me ver.

2 – Make goals, not var. Será?

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

Leia Também