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Aluno com 70 anos conclui curso de Arquitetura e Urbanismo no UNIESP

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publicado em 02/07/2024 às 17h24
atualizado em 02/07/2024 às 15h24

Kubitschek Pinheiro MaisPB

Ao se referir a palavra estudante, a grande maioria das pessoas associam logo a uma criança quando vai pra escola, a um adolescente ou lembram de um jovem fazendo a faculdade, focado no seu futuro, com  a conclusão do curso superior. Mas não é assim.

O aumento de idosos nas universidades brasileiras tem sido cada vez mais presente em todos os setores e segmentos da sociedade, antes não preenchidos, por pessoas acima de 60, 70 anos.

Mesmo tendo cursado Economia nos anos 70 na UFPB e Administração pelo antigo IPÊ, hoje Unipê, em 1992, Walter Costa da Silva, concluiu o curso de Arquitetura no UNIESP com louvor.

“O meu despertar já era de longo tempo, porém, por um  simples incentivo de minha esposa, resolví dar prosseguimento naquilo que sempre existiu dentro de mim, porque exerci a profissão de Desenhista Arquitetônico por mais de 35 anos aqui em João Pessoa, num tempo em que existia poucos desenhistas na cidade”, explica Walter;

Ele não figurou entre que os técnicos que concluíam os cursos de Estradas e Edificações, que eram contratados para trabalharem fora do Estado, onde a maioria se fez presente nas obras da Transamazônica, ganhando salários mais gratificantes .

Aluno do curso de Economia nos anos 70 na UFPB, Walter Costa viu  logo que não era sua praia, mesmo tendo chegado ao 7º período. “Ingressei na antiga SUCAM, através de concurso público, para o cargo de Cartografo. Com sete meses de função  fui chamado pelo antigo INPS, pelo concurso feito anteriormente, para o cargo de Datilografo, deslocado para a função de desenhista Arquitetônico, posteriormente IAPAS. Conclui o Curso de Administração pelo antigo IPE, em 1992”.

Segundo Walter, o  Curso de Arquitetura  e Urbanismo do UNIESP é ministrado por excelentes professores, a maioria com mestrado e doutorado, com uma didática das mais proveitosas. “Sim. O curso do Uniesp deixa o aluno com assimilações de aprendizagem excelente . São cinco anos com aulas de campo e trabalhos elaborados com cultura e fixação naquilo que se pretende aprender para um futuro promissor na qualidade de um bom Arquiteto e Urbanista. Por várias vezes ingressavam alunos oriundos de outras faculdades e universidades de várias outras regiões do Brasil, para aqui começar ou dar continuidade ao curso, para sua conclusão”.

Para quem não sabe, Walter Costa da Silva é artista plástico, um desenhista de mão cheia. “Com anos eu já tinha em mente a prática em desenhar, fazendo cópias de figuras, que me levou posterior abrir em meus pensamentos, aquele museu aberto da admiração pelo desenho e pinturas. Na escola eu começava a fazer caricaturas e desenhos, de” gibis”, que os meus colegas pediam para ornamentar um caderno ou outros apetrechos. Comecei a trabalhar, profissionalmente aos 45 anos realizando trabalhos para uma clientela pequena, mas que sabia valorizar a nossa arte”.

Inspiração em artistas talentosos PB

Walter Costa da Silva releva que desde sempre admirava as caricaturas do Luzardo Alves, Milton Nóbrega, José Crisólogo (que já não estão entre nós) e Richard Muniz. “A primeira caricatura que fiz, foi do marido da minha cunhada, professor Severino Ferreira. Estava em minha prancheta e minha esposa mostrou uma foto dele: Veio um momento inexplicável, comecei a fazer a caricatura, como se eu estivesse possuído de uma força maior dando-me o norte para tal realização. Ao terminar, fiquei admirado pelo que tinha feito. Dali em diante foram trabalhos realizados freneticamente para toda família e clientes”

Cubismo sintético

Em seu Instagram @wsilva52 Walter Costa vem postando diversas imagens de seus desenhos em bico de pena e pôsteres coloridas do cubismo sintético. Ele conta; “O cubismo sintético é caracterizado pelas cores fortes da assimétricas (existindo também o Cubismo Analítico, se acentua cores moderadas, num sentido hermético) que torna a figura pintada, em fragmentos, mas reconhecidas sem voltar a um tratamento realista. No Brasil, o estilo cubismo ganhou força em 1922 na Semana das Arte Modernas. Um exemplo são as obras de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, entre outros artistas europeus, como Pablo Picasso….”

A reitora do UNIESP, professora Érika Marques tem em seu acervo, uma tela em estilo cubismo, assinada pelo artista Walter Costa.  “Sendo ela muito amiga da minha filha Daniela, tive a inspiração de presenteá-la com minha arte, que a deixou muito emocionada sem esperar tal proeza. A equipe de docentes do UNIESP, desenvolve uma colaboração imensurável a sua mentora maior. Professores qualificados, educados e dedicados ao máximo de atenção e respeito ao alunado”.

“A presença do aluno Walter Costa da Silva em nosso curso de Arquitetura e Urbanismo foi e continua sendo uma descoberta valorosa. Impressionante o seu talento. Sendo um aluno com 70 anos, capaz de ir bem mais, muito mais, só trouxe incentivo para novas gerações e pessoas da sua faixa etária que desejam e almejam mais conhecimento, mais aprendizado”, disse a reitora Érika Marques.

TCC sobre a obra do arquiteto Mário di Láscio

Walter Costa da Silva foi feliz até conclusão de seu TCC, focado na vasta obra deixada pelo arquiteto praibano, Mário Glauco Di Láscio. Existem diversas casas no estilo moderno com sua assinatura, espalhadas na capital paraibana.

“Meu trabalho é sobre uma Residência Sustentável, porém, logo no início, a minha orientadora mais outros dois professores, solicitaram, encarecidamente, se era possível eu fazer o TCC falando de um grande mestre na arquitetura da Paraíba, chamado Mário Glauco Di Láscio, por quem eu tinha e tenho grande admiração, desde a minha juventude. Aceitei de imediato e com muito prazer. Durante a elaboração do meu TCC, parecia que eu estava sendo observado pelo grande mestre Mário. Fiz a minha defesa, perante a banca julgadora, obtendo nota máxima (10) onde falei e apresentei as obras que ficou no legado em nossa cidade com uma Arquitetura Moderna e plausível, de qualquer génio na Arquitetura. Todo meu TCC foi feito com desenhos de próprio punho, das obras de Mário, que ficou caracterizado como uma realização inédita para o UNIESP”, fecha.