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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Confissões de um patriota: a tributação do viagra em xeque

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publicado em 12/07/2024 ás 07h00
atualizado em 11/07/2024 ás 20h49

Pelo imposto do pegado, eu aceitaria a tributação dos caixões de defuntos, da farinha, das rapaduras, das carnes e de outras guloseimas consumidas pela patuleia, mesmo que atingisse alguns patriotas pobres de direita, mas tributar o viagra, jamais!

Nem das armas e munições. Muito menos das pimentas malaguetas, daquelas vermelhinhas que ficam piscando nos portais e letreiros dos motéis. Questão de incentivo aos patriotas. Lembrem-se que o governo Bolsonaro adquiriu milhares dos azulzinhos para fermentar a dita dura em um futuro próximo. Quem sabe nosso mito, dos velhinhos empedernidos das casernas, não fosse precisar no dia 8 de janeiro!

Fico me perguntando o porquê do atual governo comunista querer zerar a alíquota da carne, inclui-la na cesta básica, alimentar a fome inesgotável de um povo feio cada vez mais exigente. Conluio com os ricaços do agro? Que paradoxo é esse? Já não se faz esquerdeopatas como antigamente.

Lira quem tem razão. Pobre de direita comendo carne amaciada pela falta de tributação? Nem pensar. Se pelo menos fosse pescoço de galinha, tudo bem. Por isso, sou conservador, protetor dos bons costumes e da família, um empreendedor nato! Faz o “L”, faz!

Ora, ora. Nunca houve proteína na cesta básica, porque só agora? No governo patriota zerou-se a tributação dos jet skys, diminuiu-se a tributação de armas, mas desonerar a tributação de carne, isso é coisa de comunista, comedor de mortadela.

Tempos bons, aqueles… Dispensou-se os negócios das igrejas de impostos, tentou-se burlar o fisco com a entrada de joias da Arábias, comeu-se farofa nas ruas de Nova York, outros tempos, nova era, tudo perdido para um nordestino obtuso casado com uma novinha com cara de salame requentada.

E agora, tempos de perdição, zera-se o imposto dos absorventes. Que igualdade é essa?  Se esses apetrechos femininos não são tributados, porque o mesmo não acontece com a prótese peniana, digo com a tadalafila dos velhinhos da caserna? Ser homem branco, hétero, conservador nesse país de merda é uma merda. A gente não pode xingar o nine, nem a mãe dele, a gente não poder fazer piada com veadagem, não pode cantar a mulherada, a gente não pode, não pode, não pode. Quem há de nos proteger desses filhos de uma puta?  A bancada da Bíblia? Da bala? Do boi?  Ah, que saudades do Messias!

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB