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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Amor

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publicado em 13/07/2024 às 07h00
atualizado em 12/07/2024 às 20h01

Eu sou um homem velho, que gosta das coisas do amor.

O amor deixa marcas, feridas, pegadas de um tempo vivido ou perdido.

Minha mãe dizia que nunca conheceu o amor, meu pai era um amor de pessoa.

Eu sempre estou vestido de amor.  Não saber, não viver um grande amor, quando o amor resiste e bate na porta, entrelaça tudo, esse amor, surge de uma anunciação.

O amor está nos olhos, no brilho do olho.

Lembro que vi um funeral do amor, quando morava no Sertão – foi uma coisa triste – um matou o outro e a si mesmo. Os restos mortais se espalharam pela cidade impossível, daquilo que não está na música, nem nos livros, o amor morre antes.

O amor de que fazemos parte, envolvidos, a coisa toda, o ritmo para atingir o âmago, a essência, mas é muito difícil se tentar fazer saltar esse amor, quando ele é o trapézio, e nós somos o ciclo.

Tudo pesa levemente, ocupa espaço, mais que viagens, mais que expedições, mais que a agonia.

O reverso do amor? Não exsiste isso.  Pra quê, se o que nos traz a felicidade é a expectativa. Expectativa é o quê? O aguardo.

Eu vi o funeral do amor, muitos, do amor ferido, que não prega o olho, porque o amor não vela por nós. Em “Vesúvio”, Djavan canta “quando for demorar, nunca se vá tão cedo”

No banco da Igreja Mãe dos Homens, sentei ao lado de uma jovem mulher, que me disse que havia perdido o amor – não sei como a conversa chegou a essa revelação. Como saber se o amor é verdadeiro, se o amor não é um coração, coração é um músculo.

Lembrei do poema mais bonito de Vinicius de Moares – “De manhã escureço, de dia tardo. De tarde anoiteço, de noite ardo. A oeste a morte, contra quem vivo, do sul cativo, o este é meu Norte. Outros que contem, passo por passo, eu morro ontem, nasço amanhã, ando onde há espaço, meu tempo é quando”.

Talvez isso possa significar. Talvez.

Kapetadas

1 – Antes se falava dono do cachorro e agora é tutor e eu acho certo porque ninguém é dono de ninguém.

2 – Vivemos a ilusão da constância, mas a cada segundo que passa a pele renova, as células morrem, as oportunidades surgem e vão. Nos resta enquanto consciência observar essa dança da matéria e ter a sabedoria para sorrir dessa grande brincadeira de Deus.

3 – Som na caixa – “Se vem comigo me diga, digo, sinto a energia do ar, um fogo novo eterno, antigo, que nunca vai apagar”, de Chico César.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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