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Paraibano da Capital. Tocador de violão e saxofone, tenta dominar o contrabaixo e mantém, por pura teimosia, longa convivência com a percussão, pandeiro, zabumba e triângulo. Escritor, jornalista e magistrado da área criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba.

PROVECTA IDADE

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publicado em 15/07/2024 às 08h01

Não sei quem inventou essa balela de “melhor idade” para referir-se aos anos derradeiros da vida. Deve ter sido, pura especulação minha, para tentar vender alguma coisa, como pacotes de viagem, vitaminas, fraldas geriátricas. Única explicação plausível. Deve haver algum interesse financeiro por trás .

Como alguém pode achar que é melhor sentir dores, sofrer achaques, ter pouca resistência física, e mais um monte de outras limitações, que vão chegando com o avançar do tempo? E tais limitações não se contentam em apenas chegar. Chegam e ficam. Não vão mais embora, o idoso que dê seus pulos (não muito altos) e vá se adaptando como puder.

É certo que o passar tempo traz experiência. Permite, por exemplo, encarar a vida e os semelhantes com mais tolerância. Já se aprendeu que não vale a pena discutir no trânsito, revidar uma “fechada”, xingar a barbeiragem de outro motorista. Não se tenta mais convencer o outro de nada, aprende-se que o que é bom para si pode não ser para os demais. Entende-se que a diversidade humana é imensa e exercita-se a aceitação das pessoas exatamente como são. Finalmente, aprende-se que a verdade não é propriedade exclusiva nossa.

O idoso detetive Hercule Poirot (foto), criação memorável de Agatha Christie, sentia-se muito satisfeito com a velhice.  Durante uma de suas investigações, contemplando um grupo de jovens irriquietos, agradeceu a Le Bon Dieu, por não ser mais jovem e, portanto, menos vulnerável às tolices mundanas.  Talvez fosse uma forma de se compensar, pelo distanciamento da juventude.

Ultimamente, outras compensações têm aparecido. Ouvi , de relance, outro dia, música que faz alusão ao “cabeça branca” , que seria dono de uma lancha sofisticada, e , nos finais de semana, enchia a embarcação de “novinhas” , de biquíni, e saía navegando por aí. Parece que só o homem mais velho teria dinheiro para bancar esse tipo de diversão.

Recentemente, conversando com um grupo de amigos, todos da mesma faixa etária, ouvi uma observação – no mesmo sentido – que me deixou animado: “Vamo aproveitar, que véi tá na moda” .

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