João Pessoa, 17 de janeiro de 2012 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A movimentação de ministros do governo Dilma anda intensa nas salas de aula da Escola Pública de Trânsito do Distrito Federal. Depois do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, agora é a vez da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, voltar às carteiras escolares para tentar recuperar sua carteira de habilitação, perdida há mais de um ano por excesso de pontos.
A ministra explica que suas infrações são principalmente estacionamento em locais proibidos. Garante, no entanto, que muitos pontos não são seus. "Na correria da campanha eleitoral meu carro era dirigido por muitas pessoas. Se você me perguntar eu nem sei te dizer quantos pontos eu tinha", afirmou. Assim como Paulo Bernardo, Maria do Rosário perdeu a carteira há mais de um ano, segundo ela. Mas, enquanto o ministro das Comunicações diz que não encontrava tempo para fazer a reciclagem do Detran, Maria do Rosário explica que estava esperando uma autorização especial porque sua carteira de motorista é do Rio Grande do Sul. "Só que eu moro em Brasília, não teria como ficar em Porto Alegre para fazer o curso", contou.
Paulo Bernardo foi flagrado na escolinha há uma semana. O ministro aproveitou as férias para fazer as aulas pela manhã. Já Maria do Rosário optou por fazer as aulas de reciclagem à noite. Mas nem assim conseguiu terminar o curso. Vai ter que faltar algumas noites e remarcou para a próxima semana. "Vou ficar em segunda época, como se dizia antigamente", disse. "Vou até ter de fazer uma aula com o Paulo Bernardo. Vai ser engraçado".
Nesse período, Maria do Rosário explica que passa apertos por estar sem dirigir. Em compromissos de trabalho, usa o carro oficial. Fora disso, táxi ou pede para parentes dirigirem seu carro. "Para quem tem filho faz muita falta. É bem complicado", disse.
As aulas da ministra são das 18 horas às 21h30, todas as noites, por 10 dias úteis – se o estudante não faltar nenhuma. Quando a reportagem conversou com a ministra, ela estava tentando fechar a agenda do dia para não perder mais uma aula. No curso, o motorista infrator revisa as leis de trânsito, aprende sobre direção defensiva e tem noções de primeiros socorros. Ao final dos oito dias é preciso acertar 70% das 40 questões da prova. Se isso não acontece, há uma nova chance. Mais um fracasso e o motorista precisa fazer todo o curso de novo.
Estadão
OPINIÃO - 22/11/2024