João Pessoa, 06 de agosto de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O medo da violência, segundo as últimas pesquisas realizadas no Brasil, é a maior das preocupações da sociedade brasileira na atualidade, ficando à frente, inclusive, de outros anseios como saúde e emprego.
O Brasil está acometido de uma epidemia de violências nos mais diversos aspectos, tanto nos aglomerados urbanos quanto nas áreas rurais. Infelizmente, como não podia ser diferente, esta tem sido a principal pauta da imprensa nacional na maior parte dos noticiários diários. E este grave problema tem influenciado o comportamento de toda a população, inclusive das crianças e adolescentes.
As pessoas de forma geral vivem com um sentimento de medo constante, face o temor de serem vítimas de um assalto ou violências outras, até piores, como sequestro, assassinato etc. E tudo isto tem feito com que um grande número de cidadãos e cidadãs sejam acometidos de traumas e transtornos psiquiátricos os mais diversos, com consequências, não só para a saúde física e mental dessas pessoas, como comprometendo as relações sociais de todos e acarretando alterações até mesmo no modelo de educação aplicado aos jovens.
Deve-se admitir que, desde os primórdios da humanidade, os seres humanos convivem com o medo, pois este sentimento é natural da espécie, podendo servir para acionar o conhecido mecanismo de “luta ou fuga”, reação fisiológica importante que ocorre na presença de algo ameaçador, preparando o corpo para lutar ou fugir de uma ameaça que pode ser real, ou mesmo imaginária. Assim, tal sentimento, o medo, na medida certa, é importante até mesmo para a sobrevivência dos indivíduos. O problema é que a violência desenfreada está perpetuando este sentimento nas pessoas, constantemente assustadas, inseguras e sob permanente tensão, adoecendo-as emocionalmente e socialmente. E desta forma, esse predador contemporâneo, a violência, e o consequente medo totalitário reinante, está incapacitando as pessoas até mesmo dessas reações naturais fugir ou lutar, e todos passaram a encarcerar-se a si mesmos e aos seus filhos.
Com o aludido incremento das violências, passou-se a ter medo de sair nas ruas, de sacar dinheiro nos bancos e caixas eletrônicos, de deixar o carro estacionado em local aberto etc. Todos se trancam em suas casas/apartamentos, acuados pelo medo justificável, não permitindo nem mesmo que seus filhos brinquem nas calçadas, parques e ou nas ruas.
Este nefasto temor e, consequente, sentimento de insegurança, cada vez maior, faz com que pais e mães advirtam seus filhos com conselhos como: não aceitar a ajuda de estranhos; não comentar sobre a rotina de casa; a ficar de olho nos seus pertences; não sair à noite etc. E assim, tanta preocupação, apesar de necessária, tem afetado potencialmente estes jovens, tornando-os antissociais, individualistas; arredios, e pouco resilientes no que se refere à saúde mental.
É importante lembrar que, a exposição ao medo durante a infância, fragiliza potencialmente às crianças e adolescentes a males de curto e longo prazo como: doenças decorrentes do estresse e da ansiedade ou ao desenvolvimento de transtornos psíquicos os mais diversos, inclusive depressão.
Tudo isto não só tem castrado a qualidade de vida dos pais, mães e adultos em geral, mas também, e principalmente, das crianças, principais vítimas de todo este estado permanente de tensão, desconfiança e medo.
Portanto, enquanto o poder público e a sociedade brasileira não encontram uma resposta adequada para tão grave problema, rogo ao Criador que não morra a fé e a esperança nos humanos, e que um dia todos possam voltar a ser e agir como entes pacificadores e humanizados.
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OPINIÃO - 22/11/2024