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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Caetano & Bethânia – 2ª noite, um concerto

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publicado em 06/08/2024 ás 10h15
atualizado em 06/08/2024 ás 12h48

Fotos – Sarah Mirella e Thereza Eugênia 

Essa foi a sensação – um concerto, a segunda noite (domingo, 4) do show Caetano & Bethânia na Arena Farmasi, no Rio de Janeiro, com plateia maior, bem numerosa, um epítome, uma pletora de alegria estendida.

No domingo, o show foi bem melhor, bem definido. A grandiosidade do espetáculo, feito para as arenas – em quase todas as cidades por onde passará, a turnê será apresentada em estádios. E vai ser muito bonito e emocionante em Recife, (estaremos lá)  São Paulo, Salvador, seja onde for.

No gigante espetáculo da segunda noite, já conseguíamos ver bem os signos visuais, com o fundo do palco tomado por painéis verticais que funcionam como telões onde são projetadas imagens ao vivo do show e grafismos ou fotos, compondo o cenário, uma lindeza, fotos antigas, recentes, sempre.

Além deles, há mais dois telões laterais. O da direita é dedicado a Caetano, enquanto o da esquerda mostra Bethânia, que é o estrondo de tudo – uma voz que vai bater no antigo Canecão, onde aconteceu a primeira turnê em 1978.

A banda

Estrondosa, que reúne 14 músicos, com quatro sopros (Joana Queiroz, Jorge Continentino, Diogo Gomes e Marlon Sette) e dois percussionistas (Thiago da Serrinha e Pretinho da Serrinha, anunciado como “participação especial”), que conduzem o ritmo com o baterista Kainã do Jêje. Lucas Nunes e Paulo Dáfilin, se dividem nos violões e outros instrumentos de corda, esse é uma loucura.

Completam a formação o baixista Jorge Helder, aplaudidíssimo, o tecladista Rodrigo Tavares e os vocalistas Janeh Magalhães, Jane Rocha e Fael Magalhães, esse trio é arrasador.

Já perto do final,  quando os irmãos entoaram energicamente o refrão da canção de Fé de Iza – “Fé pra quem é forte/ Fé pra quem é foda/ Fé pra quem não foge à luta/ Fé pra quem não perde o foco/ Fé pra enfrentar esses filha da puta” -, uma loucura tomou conta de nós, por exemplo.

“Fé”, uma surpresa que eles dividem com exatidão e não nos remete ao louvor evangélico, “Deus cuida de mim”, do pastor  Kleber Lucas, que Caetano canta sozinho e veio uma reação contrária de alguns fãs, pura bobagem. Caetano pode tudo. Não vi nem, ouvi como perplexidade.

 Um Caetano que sabe muito bem ser careta, na canção que conclui pedindo à vaca profana – sagrada ao avesso – que despeje chuva de leite bom (bênçãos?) na cara dos caretas. Mas não tinha caretas no show – tinha sim, gente que cantava todas as músicas em tom maior, um saco. 

Gente e o deus do Tempo

Ah! Ia esquecendo o deus Tempo que Caetano e Bethânia cantaram no final do show, aquela “Tudo de novo”, a canção que abria os shows da primeira turnê de 1978. Ou seja, fecharam agora 2024, num ciclo que pedia à vida, mais amor. Os versos fios condutores “a mesma grande saudade”, “a mesma grande vontade”, “tudo de novo”. Noutras palavras, mais quente que eles, ninguém

Gente é para SEMPRE

A exuberância dos arranjos. Bethânia puxa “Gente” logo no inicio. O refrão de “Gita”, de Raul Seixas, o samba de roda celebrado e os “Filhos de Gandhi”, de Gilberto Gil, e “Milagres do povo”.

Sem mais preâmbulos, Caetano é foda, Bethânia é foda.

É isso, o show de domingo foi um concerto.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB