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Paraibano da Capital. Tocador de violão e saxofone, tenta dominar o contrabaixo e mantém, por pura teimosia, longa convivência com a percussão, pandeiro, zabumba e triângulo. Escritor, jornalista e magistrado da área criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba.

SE EU MORASSE AQUI  PERTINHO

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publicado em 10/08/2024 ás 16h01

O lamento do compositor Adelmário Coelho é certeiro. Entre as agruras que o amor impõe, o distanciamento  geográfico dos que amam não pode ser menosprezado. Amar distante é possível, mas, muito difícil. Sustentar  relacionamento, com ausência, é para poucos.

Mesmo ausências temporárias  são doridas . Humberto Teixeira e mestre Luiz Gonzaga queixavam-se, igualmente, da légua tirana, que separava o cantador da amada Ana. Queria até ter asas, para vê-la, se possível, no  mesmo dia.

A preocupação em  tentar manter o amor , mesmo distante, parece universal. Lennon e McCartney escreveram a delicada “I Will” (Beatles, White Album), em que afirmam amarem , estando juntos ou separados (Love you whenever we’re together, Love you when we’re apart).

Na poesia e na música, parece bonito, morar num lugar, e a namorada ou namorado, lá na Caixa Prego. Nada mais distante da realidade. A logística envolvida em cada visita à pessoa amada vai corroendo aos poucos. Horas de deslocamento, de avião, de automóvel, de ônibus, e , em casos extremos a pé, cobram preço elevado. Isso para não falar em coisas mais prosaicas, como as despesas, por exemplo. Sim, o vil metal entra nessa equação.  Muitas vezes o jovem (geralmente quem cai nessa armadilha é pouco avançado na idade) não tem sequer o dinheiro da passagem de ônibus, e lá se vai, caminhando léguas tiranas, para ver a amada. Sair do Centro, nas proximidades do Lyceu Paraibano, cruzar todo o Bairro da Torre, e finalmente  chegar nos Expedicionários , para namorar de mãozinha dada, e fazer o caminho de volta para casa, parecia uma boa ideia . O tempo de caminhada, ida e volta, era superior ao permitido ficar com a menina. A semelhança não é mera coincidência.

Ciente desses percalços , não me causou perplexidade, quando um jovem amigo , durante ameno bate papo , depois de ter namorado uma menina que morava noutra cidade , e outras, em bairros afastados da nossa Capital, confessou: “Tio (ele pode assim me tratar) , tudo que eu pedia a Deus era uma namorada que morasse perto”. O Criador deve tê-lo em boa conta, pois, a namorada , além de bela e agradável, mora no mesmo bairro.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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