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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.
Nosso futuro

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publicado em 11/08/2024 ás 13h10

Minha avó tem 90 anos. Ela mora atualmente com a irmã mais nova em um prédio vizinho ao meu. Passo todos os dias em seu apartamento, quando posso, lógico, antes da minha ida à academia e sempre ajudo com o que é possível, pois apesar de estar elegantemente super bem de saúde e quase lúcida( assim como eu), ninguém tem paciência com ela, porque é geralmente dura nas palavras e possui personalidade forte( assim como eu). Seu aniversário está chegando, perguntei o que queria de presente, ela assuntou que queria roupa nova, um conjunto inteiro com até calcinha e sutiã, respostou resmungando que não entende por que nunca uma amiga presenteia outra com roupas íntimas. Pois bem, falei que eu estava livre o dia inteiro que podia chamar um Uber que para ela é aquele troço que vem com motorista, ela falou ok, que só precisava arrumar o cabelo Eu disse que estava tudo certo, já levei comigo sua bolsa, um casaco de lã e peguei sua caixinha de remédios, pois nunca sabemos das urgências nas andanças com idosos! Eu gosto de fazer esse mimo, pois acho que todos nós já estamos “idosando”, mas, mesmo parecendo feliz da vida, ela chega na loja de departamento e diz que não quer mais roupa alguma, prefere um perfume, chegando na perfumaria mais cara do shopping ela disse que não queria mais perfume, que queria tomar sorvete, antes de entrar na sorveteria eu dei risada e disse que ela não desistisse do sorvete, ela disse: e quem falou em sorvete? Eu prefiro doces. Fomos andando sem pressa com toda paciência do mundo, de braços entrelaçados e sorriso no rosto. Chegamos na doceria que ela adora e ela perguntou onde estava a loja de roupas, eu falei que era só seguir mais um quarteirão e quando olho pra cima, o teto de vidro mostrava que estava escurecendo, mas tudo bem, a loja era logo ali. Chegando na loja ele fica mais feliz do que nunca e olha no relógio  e pergunta se como já estava de noite se podia só levar a calça e o restante do presente seria um jantar. Eu falei que sim, que ela merecia um super jantar! Pegamos o troço lá com motorista e ele nos deixou na porta do Magari, um restaurante de massas que ela ama!

Pediu o prato sem complicações, eu com medo de vê-la trocar umas três vezes o molho do Gnocchi, mas foi tudo calmo até eu colocar os comprimidos ao seu lado. Seu olho arregalou e ela começou um mini “show” reclamando que quatro comprimidos eram demais. Eu pedi para que tivesse calma que na verdade eram só vitaminas, o mesmo papo que a convence sempre, ela acalmou-se tomou os comprimidos todos, comeu metade da comida, pediu para ir embora pois o ambiente estava muito frio, logo a acalentei com seu casaco e outro troço com motorista muito simpático chegou e nos levou de volta até o prédio onde mora. 

Sua irmã nos recebeu, e já foi preparando a cama. No outro dia acordou, reclamou dos comprimidos na mesa do café e fez queixa que nunca mais apareci por lá! 

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