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Educador Físico,  Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado). Sócio da ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do IBRASJUS - Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. É ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB. Também coordenou por vários anos no estado da Paraiba, o programa educativo "Maçonaria a favor da Vida". É ex-colunista da rádio CBN João Pessoa e autor dos livros: Drogas- Família e Escola, a Informação como Prevenção; Drogas- Problema Meu e Seu e Drogas - onde e como lidar com o problema?. Já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.

Se eu fosse prefeito!

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publicado em 13/08/2024 ás 07h00
atualizado em 12/08/2024 ás 20h56

 

O Brasil é um dos poucos países do mundo em que, a cada dois anos, são realizadas eleições para o preenchimento de cargos políticos dos poderes legislativo e executivo. Agora, em 2024, serão realizadas eleições para os cargos da esfera municipal, sendo que, neste mês de agosto, acontecerão convenções dos partidos políticos, para a suposta escolha dos personagens que participarão da citada disputa eleitoral. Digo suposta escolha, porque o ritual das referidas convenções é só simbólico, haja vista que as escolhas dos candidatos são comumente feitas previamente pelos partidos e seus “donos” em reuniões de bastidores pelos acordos que atendam às conveniências pessoais destes personagens, nem sempre republicanas. Portanto, as referidas convenções se constituem apenas, num evento midiático, com o fim específico de tornar público os nomes dos concorrentes já selecionados nas reuniões acontecidas, quase que secretamente, em encontros reservados apenas aos personagens com poder de mando nos partidos, e não uma escolha democrática dos filiados destas entidades e muito menos da população em geral.

Uma vez eleitos, os prefeitos terão a responsabilidade de gerir políticas públicas que atendam os anseios e necessidades dos seus munícipes.

A missão legal atribuída a estes administradores é de suma importância social, e não é das mais simples, haja vista que é no município que as coisas realmente acontecem. Portanto, estes gerentes do dinheiro público carregam consigo inevitavelmente o dever de bem administrar os destinos do seu município de acordo com os anseios dos seus moradores, para tanto, precisam ter a sensibilidade necessária para priorizar aquelas ações que atendam às aspirações mais iminentes da população visando o bem comum.

Segundo alguns levantamentos estatísticos nacionais, uma das principais preocupações da sociedade brasileira é com o uso indevido de drogas e os danos diretos e indiretos relacionados a este comportamento, uma vez que o consumo de drogas tem acarretado inúmeros problemas não só aos usuários destas substâncias, mas também, e principalmente, às famílias destes e, consequentemente, a toda a sociedade.

Assim sendo, se eu fosse prefeito, uma das prioridades da minha gestão seria o desenvolvimento de ações educativas efetivas que pudessem minimizar este grave problema. É de conhecimento público que esta doença, drogadição, está contaminando cada vez mais inúmeras famílias brasileiras, e dizimando precocemente milhares de seres humanos, especialmente os adolescentes e jovens adultos. Mesmo assim, o poder público tem permanecido inerte frente a esta aflição social.

Ainda divagando nos meus planos de prefeito imaginário, arrisco elencar algumas iniciativas que fariam parte da minha política social e de saúde sobre drogas, entre as quais destaco as seguintes: mobilizar a comunidade  com campanhas educativas informativas nos diversos meios de comunicação, inclusive as redes sociais, estimulando o envolvimento de toda a sociedade civil organizada nas referidas ações; criar, implantar e valorizar os Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas, já legalmente previstos na lei pátria, que deverão ser compostos de forma paritária entre representantes do Poder Público Municipal e da sociedade civil; criar uma coordenação de políticas educativas sobre drogas, que deverá elaborar e executar o plano municipal das citadas ações, contemplando as áreas de prevenção, tratamento e reinserção social de usuários e/ou dependentes de drogas e também seus familiares; cadastrar, apoiar e fiscalizar todas as instituições e pessoas que trabalham com a temática em discussão no município; promover periodicamente o aperfeiçoamento e a integração de todas as instituições, técnicos e lideranças que lidam com as políticas educativas sobre drogas; articular e estimular parcerias com organizações públicas, privadas e não governamentais com vistas ao desenvolvimento de ações conjuntas e à obtenção de apoio técnico, científico, operacional e financeiro etc.

Enfim, como dizia o enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de 1992, “sonhar não custa nada”, e acredito firmemente que, se estas ideias sonhadas e aqui expostas, fossem postas em prática, certamente seriam importantes para ajudar na conquista de um mundo menos escravo deste problema, e, portanto, mais saudável e pacífico.

Mas é um  sonho e, como bem afirmou o saudoso cantor e compositor, Raul Seixas, “…sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade…”.

Assim, espero um dia, sonharmos juntos, não para eu ser prefeito, pois não tenho interesse nem vontade política para tal missão, mas sim para a conquista de uma sociedade mais humana, sadia e sem a embriaguez da ilusão nefasta e passageira do uso indevido de drogas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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