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MaisPB Entrevista

Claudia Castelo Branco lança clássicos de Sivuca, em novo álbum

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publicado em 17/08/2024 ás 14h09
atualizado em 17/08/2024 ás 15h54

Kubitschek Pinheiro – MaisPB

O artista paraibano Sivuca, morreu em de dezembro de 2006, aos 76 anos, mas seu nome não morre nunca. A cantora, compositora, pianista e arranjadora Claudia Castelo Branco, acaba de lançar o álbum “Viva Sivuca – Homenagem ao Poeta do Som” com os clássicos de um dos maiores compositores brasileiros, o Severino Dias de Oliveira, nosso Sivuca.

O projeto “Viva Sivuca – Homenagem ao Poeta do Som”, O aconteceu no “Sesc Rio de Janeiro”, aprovado no0edital Sesc Pulsar, em julho passado, no Sesc Madureira.

Sivuca vida e obra, compositor e além da sanfona – sua marca registrada – piano, violão, percussão, entre vários outros instrumentos. O artista era também arranjador e orquestrador, sendo grande improvisador de jazz.

Assim, “Viva Sivuca – Homenagem ao Poeta do Som” traz o artista do povo – dos choros, sambas, bossa-nova e temas instrumentais, além de dialogar intensamente com a cultura do Rio de Janeiro, cidade onde morou por muitos anos.

Com 20 anos de carreira, Claudia Castelo Branco canta temas instrumentais, como o baião “Um tom para Jobim” e o choro “Dino pintando 7 cordas”, e também canções ainda desconhecidas do grande público como “Canção que se imaginara” e “Amor verdadeiro” e claro os hits e sucessos de Sivuca, como “Feira de Mangaio”, “João e Maria” e “Maria Fulô” e ai a homenagem se estende a um olhar diferenciado sobre uma grande obra.

Em entrevista ao MaisPB, Claudia vai além do brilho desse projeto, ela canta Sivuca como ninguém.

Sivuca

Nascido em 26 de maio de 1930, em Itabaiana, na Paraíba, Sivuca foi um multi-instrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor brasileiro. Suas composições e trabalhos incluem ritmos diversos, como choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica, blues.
Claudia Castelo Branco 

Pianista, compositora e cantora carioca, Claudia Castelo Branco completou 20 anos de carreira.  Integra o Duo Gisbranco ao lado de Bianca Gismonti, com quem lançou cinco álbuns e conquistou o Prêmio Profissionais da Música de Arranjadoras (2021). Tocou em diversos países da Europa, como França, Holanda, Espanha, Portugal e Itália, além de Canadá, Chile e Argentina. Apresentou-se nos mais importantes palcos do Brasil e do mundo como Sala Cecilia Meireles (RJ), Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Sala São Paulo, Rio Montreaux Jazz Festival, Duc des Lombards (Paris), Concertgebouw (Amsterdam), Teatro São Luiz (Lisboa). Lançou, em 2021, seu primeiro disco solo, “Cantada Carioca”, e, em 2024, o álbum “Viva Sivuca”.

MaisPB – Menina como veio essa ideia de homenagear o mestre paraibano, Sivuca?

Claudia Castelo Branco – Em dezembro 2021 eu fiz a direção musical de um show em homenagem a Sivuca, então precisei pesquisar e estudar bastante o repertório dele. A partir daí veio a vontade de fazer um show de piano e voz, e logo depois nasceu a ideia do disco.

MaisPB  – Tem uma voz linda, cantora, pianista, compositora e arranjadora lança o álbum Viva Sivuca que vc o define como “ponte entre o fole, as teclas e o coração”. Vamos falar sobre isso?

Claudia Castelo Branco  -Sivuca era um grande ativista da sanfona, queria levar o instrumento para salas de concerto, clubes de jazz, rodas de choro…. provando que a sanfona não se restringia apenas à música regional, como muitos insistiam em acreditar. Já eu fui fazendo o caminho inverso: sempre quis levar o piano para os bailes de forró, lugar pra mim que representa muita alegria e conexão com minha ancestralidade. Por isso acho que que acabou acontecendo essa ponte entre o meu piano, a sanfona dele e as memórias afetivas e coletivas.

MaisPB – O piano deu uma grande dimensão as canções de Sivuca. Estou certo?

Claudia Castelo Branco – Sim! Acho que o piano transporta pra outro lugar, abre novas camadas e possibilidades.

MaisPB  –   Nesse disco você conta com Marcos Suzano na percussão e Fred Ferreira no baixo e na guitarra. Como aconteceu esse elo?

Claudia Castelo Branco  – O Fred Ferreira já toca comigo em outros projetos há alguns anos, e participou daquele primeiro show em homenagem a Sivuca, quando fiz a direção musical. Por isso achei que teria muito sentido ele gravar comigo. E o Suzano conheço também há muitos anos, desde quando ele participou do show de lançamento do Duo Gisbranco, em 2011. 

MaisPB  – Linda a interpretação de  “Feira de Mangaio” de Sivuca e Glorinha Gadelha. Você falou com ela sobre esse disco-homenagem?

Claudia Castelo Branco  – Muito obrigada! Não falei…. vou torcer pra que ela ouça e goste também!

MaisPB – A quarta faixa João e Maria, dele e Chico Buarque  que você canta com Pedro Miranda não podia faltar no seu disco, né?

Claudia Castelo Branco – Exatamente! Nessa faixa eu e Pedro fizemos uma homenagem não somente a Sivuca, mas também aos 80 anos de Chico Buarque e à querida e inspiradora Nara Leão.

MaisPB  – Linda e forte a canção Amor Verdadeiro, que não é muita conhecida. Vamos falar dessa canção?

Claudia Castelo Branco  – Essa canção fala de algo que era muito comum na vida do sertanejo: deixar a família e os amores em busca de melhores condições de vida. Ela dialoga muito com “Adeus Maria Fulô”, tanto na temática quanto harmonicamente. Por isso quis gravar as duas, e até citei o verso “o amor que é verdadeiro, cada dia aumenta mais” no arranjo de “Adeus Maria Fulô”.

MaisPB – Cheirinho de mulher é demais, parece um poema declamado?

Claudia Castelo Branco  – É uma das minhas preferidas, com uma letra maravilhosa da Glorinha Gadelha e que me inspirou a fazer uma versão de piano e voz inspirada na versão de violão e voz da Glorinha.

MaisPB – “Canção que se imaginara”  de Sivuca e Paulinho Tapajós, composta em homenagem a Nara Leão, é um achado, né?

Claudia Castelo Branco  – Sim, desde a primeira vez que ouvi essa música, tive vontade de tocar e gravar! Além da canção ser lindíssima, Nara merece sempre ser homenageada também.

MaisPB  – Você já havia cantando o repertório de Sivuca em 2021. Vamos falar sobre isso?

Claudia Castelo Branco  – Sim, foi quando fui convidada para fazer a direção musical do show de abertura do Rio Music Market, cujo homenageado do ano era Sivuca. Nesse show também toquei e cantei ao lado das participações especiais que foram Pedro Miranda e Mariana Aydar. Foi muito emocionante e eu jamais imaginaria que fosse gerar tantos frutos.

MaisPB – Um Tom para Jobim dá uma vontade de dançar, e até parece um jazz?

Claudia Castelo Branco  – Sim, “Um Tom para Jobim” é uma mistura de choro e baião, com uma harmonia jazzística, muito tocada e gravada por músicos de jazz. 

MaisPB – Confesso que nunca tinha visto essa canção Cabaceira Mon Amour, uma maravilha?

Claudia Castelo Branco Essa é mais famosa nos forrós e rodas de choro, geralmente tocada na sanfona. Eu nunca vi ao piano, por isso quis experimentar como ficaria.

MaisPB   – Fecha com Aboio – uma canção forte e intensa e só sua voz é aboio, quase não precisa de instrumentos?

Claudia Castelo Branco  – Sim, eu sou apaixonada por aboios, e quando ouvi essa canção também quis muito fazer uma versão que dialogasse com meu piano, embora eu saiba que ela não precisa de instrumentos nem acompanhamento. Aqui o piano veio pra trazer uma atmosfera mais fantasiosa, levar a gente pra um outro lugar.

MaisPB  – Vai sair  cantando esse disco pelo Brasil, virá apo Nordeste?

Claudia Castelo Branco  – Quero muito ir para o nordeste com esse show. Por enquanto ainda não tenho datas mas espero que logo, logo eu possa chegar com minha homenagem a Sivuca!

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