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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Abelhinhas antifascistas

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publicado em 23/08/2024 ás 07h00
atualizado em 22/08/2024 ás 20h39

 

Eu adoro as abelhas nordestinas. Dizem que um enxame delas se atirou contra um mofatrão e o obrigou a correr esbaforido com as calças arriadas como se fosse o cão fugindo da cruz. Foi em Natal.

Bravo, bravíssimo, abelhinhas. Vocês são mesmo nordestinas, valentes, fortes, politizadas. Não comem capim, mas cheiram flores que é uma beleza. Ferrão encarnado no embusteiro.

Dizem que o degringolado, de intestino frouxo, fedia tanto que até o capeta, seu guarda-costas, desistiu da estupidez de acompanhá-lo. Sem o bicho ruim para lhe apoiar, deve ter se melado todo, algo muito peculiar aos bravateiros.

Há tempo, o nefasto ser apanha nos prados nordestinos. Agora, até as abelhas, esses insetinhos inteligentes, compreenderam que onde o estrupício tocar, a coisa vira esterco. Falta o gado se conscientizar, mas isso não é fácil, afinal gado que é gado só aprendeu chifrar o vento, açoitar a razoabilidade, demonizar a democracia.

Mas voltemos às abelhinhas nordestinas. Comentam que eram de uma cepa de abelhas afogueadas do juízo, de cabeça virada como a dos nordestinos. Virgem mãe de Deus, se até os maribondos refugaram o ungido do capeta, porque nós, nordestinos de alma e sangue, vamos tolerar o verme? Deus me livre, diria minha mãe. Cão coxo, diria papai. Vai te embora, filho de Belzebu, diria Catita. Vade retro, digo eu.

Não me xinguem, sou vacinado contra gado dadeiro. Apenas recebi de uma abelhinha de ferrão antifascista um pote de mel de jandaíra para contar esse feito das abelhas de Natal. Guerreiras!

Exagero dessas heroínas nordestinas. Para ficar contra o ser-covardia, o ser-hipócrita, o ser-mentiroso, o ser-homofóbico, o ser-misógino, o ser-embusteiro, eu nem precisava de mel. Faço tudo de graça, até com fel. Com muito gosto.

O que reivindico é que a Câmara dos deputados da Paraíba e também a de Vereadores de João Pessoa concedam, com pompa e tudo, um título de cidadãs paraibanas e pessoenses às abelhinhas natalenses. Os impostos que eu pago financiam, não é meus nobres representantes?

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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