A memória de uma pessoa chega a ser mais importante que ela, mais que a escavação que for necessária para lhe arrancar a vida, a voz, aquele som, para restituir a glória.

A cantora Preta Gil gravou em seu perfil  no Instgram,  que está com metástase.

A composição do vídeo que não se imaginara ou era esperado, longe ou perto, de um jeito admirável, mas a aquela sublimidade bateu em mim.

Preta usou o discurso da transformação, o que não é fácil nessas distâncias que a vida nos coloca. Não sei se faria o mesmo.

Falando de si, entre si, onde se ouve o eterno girar do universo e a mesma vontade de viver mais.

Ela fez ecoar na frágil carne dos homens, seu canto mais verdadeiro, no mesmo pulso que ouvimos com as mãos, sobre tantas  perdas.

A escala é dolorosa. Preta chegou aos 50 anos nesse agosto que se encerra. Ela não se isola, nem isola as palavras.

Da mania de ser forte, de olhar no espelho, a insistência da palavra, a que ela se agarra, oremos nós por ela.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB