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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O meio da vida

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publicado em 07/09/2024 ás 07h00
atualizado em 07/09/2024 ás 12h19

Os anos vão passando  – uma imagem sublima, às vezes neblina, outras revoadas, triste e com o tempo perdemos e ganhamos, e quando perdemos, é porque nunca foram amigos. São ciclos.

Os cabelos vão branqueando, moldando a cara do que já foi e, cada gesto, faz de mim um homem cordial, quando não meço esforços e chego a ser banal.

Hoje é meu aniversário, já passo da metade da vida, mas ainda vou bem mais.

Quão limar, limiar, as grades desse mistério da vida, a quem ganhamos a lida com a aspereza das mãos, o valor dos calos da experiência.

Escreverei mais –  quando as orquídeas adornarem os jasmins do jardim da casa – até a chegada da Primavera.

Um cheiro de lavanda pela casa, um cheiro de café na cozinha, um assobio que vem da rua, fé em Deus, pé na areia.

O sol do dia em que nasci, às 10h, em 1960,  teve alvorada e um dobrado, dizia meu pai, que quando nasci, a banda passava tocando porque era 7 de setembro.

Uma luz de candeia encandeia,  de um pai que me fez depois de uma pausa do amor com minha mãe, e  veio o último menino, dando sem saber, naturalmente por merecer e espalhar a novidada da vida.

Bem ali à horizontal cidade e uma prece longínqua. Então, A Criação de Adão de Michelângelo, o dedo de Deus indicador esticado, em um gesto direto, agraciando o homem com a vida. Bela obra! “O sentido da arte é explicar que Deus esta sempre lá, mas a decisão de buscá-lo é do homem”

Não fui criado para ser belo, não se falava disso em nossa casa, erámos todos parecidos, fui criado para fazer render o peixe.

Cigano, judeu errante, nordestino, sertanejo e seu testamento – passei da metade da vida.

Colher esperança e os medos de nos tornarmos felizes, infelizes, e  eu a chorar de alegria.  A vida presta.

Kapetadas

1 – O bom da falta de água é que diminui a lavagem cerebral.

2 – A reação mais contundente sobre filosofia barata é a seguinte: as baratas não filosofam.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB