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Dia do Jornalista  

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publicado em 11/09/2024 ás 07h00
atualizado em 11/09/2024 ás 08h03
 
No Dia do Jornalista manifesto minha gratidão a três amigos – Nathanael Alves, Carlos Romero e Gonzaga Rodrigues – que foram fundamentais na minha formação de cidadão, de leitor, de repórter e de poeta. Mas também lembrarei de Angélica Nunes, que abraçou tão bela profissão, para orgulho de todos nós.
         Nathanael Alves e Carlos Romero recordo com saudade e muitas lembranças. Gonzaga continua revelando a mim os segredos da arte de ser jornalista e cronista. Quanto a minha filha, ela escolheu a melhor parte e descobriu seu caminho, sempre estimulada a continuar sendo voz contra a tirania e a insensatez.
Os três jornalistas foram originais na vida.
Nathanael me acolheu como um filho, colocou os livros em minhas mãos e me ensinou a gostar do Jornalismo. Carlos Romero foi um pastor amoroso que ofereceu importantes lições. Gonzaga, não menos fundamental na construção do meu caminhar pelas redações, mostrou o caminho da crônica, como produzir o texto leve e conciso. Para Angélica tentei repassar o que deles recolhi como ensinamentos à profissão de jornalista.
         Os três trilharam com coragem o caminho da Imprensa, produzindo jornalismo de alto nível. No seu tempo, Nathanael Alves deu aprumo ao texto de opinião, ao artigo que leva à reflexão, enquanto que Carlos Romero trilhou pela crônica lírica, de amenidades. Gonzaga sempre abordou o apascento humano, passeou pela paisagem rural, pela memória da cidade.
         Eles sempre escreveram com facilidade, clareza do pensamento, brilho e relevo, produziram cintilantes crônicas, belas e com arte.
         Fizeram ver que a vida de jornalista é desgastante, mas dá prazer vivermos para os outros, sabendo do pouco tempo para nós.
         Todos viemos de uma região em que o verde afagava o olhar, por isso sempre tiveram a poesia como companheira de suas produções literárias.
         Sem abandonar minhas qualidades de camponês, o trio de amigos moldou minha fidelidade à terra, esculpiram o caboclo que sou, com a originalidade de nascença, apegado às rochas, ao massapê, às fontes dos riachos e às paisagens fascinantes de Serraria.
         No Dia do Jornalista, homenageando os quatro, faço minha reverência a Nathanael pelos 90 anos do seu nascimento, que seriam completados no dia 11 de setembro. Para a minha filha desejo comprometimento com o que se propõe fazer, sucesso e bênçãos. Para Gonzaga a veneração de sempre. Quanto a Carlos, em sua homenagem, peço licença a Germano Romero para transcrever a crônica que seu pai publicou no jornal O Norte (10/09/1952), mesmo em parte, sobre o dia do profissional da Imprensa.
No artigo, Carlos Romero fala que simples fato de ser hoje o Dia do Jornalista, “não quer dizer que os que fazem jornal deixam de comparecer às redações, que as linotipos silenciem, que as máquinas impressoras emudeçam madrugada a dentro”.
Na imprensa de setenta anos atrás, quando os redatores usavam paletós, Carlos “o jornalista (falo do jornalista profissional, do homem do batente) quase sempre é injustiçado. A glória, a fama, raramente cobrem o seu nome, o seu túmulo”.
         Na mensagem, ele ressaltou que a riqueza raramente visita o jornalista, o que não mudou em quase nada durante todo esse tempo.
Repetido o “cala a boca, jornalista” de sempre, àquela época, lembrava que o jornalista poderia “receber como recompensa ao seu trabalho, ao seu esforço, é uma boa surra, altas horas da noite, somente porque disse uma verdade, defendeu uma injustiça, viu aquilo que não era para ver”.

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