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Entre poucos, Odair José. O cantor e compositor Odair José, um dos nomes fortes da música popular brasileira, encheu o Teatro Paulo Pontes, com sua apresentação na última quinta-feira, no Projeto Seis e Meia. Antes, teve a banda “Caronas do Opala”, com Val Donato escandalosamente romantica.
Eu sempre gostei dele e minha estima pela sua arte se estabeleceu ainda no Sertão, quando ouvi – Eu Vou Tirar Você Deste Lugar” e este lugar, não ficou para trás – iniciou da década de 1970. Odair só fez crescer e eu também.
O tempo passou, minha admiração aumentou e meus questionamentos ganharam espaço na valorização de muitos artistas brasileiros. A obra de Odair José sempre foi alvo fácil de observações caretas, principalmente porque sua arte, tinha, tem, terá nascedouro no Brasil, que nunca deixou de ser careta.
Compositor de voz cheia, sem ler no telepront, com temas lindos, de um notável acento radiofônico, sem abrir mão do mais virtuoso amor nas composições, o amor que deu certo nas canções em sua voz, e na vida da gente… “Se eu soubesse que eu iria lhe perder, não teria acostumado minhas coisas com você” Ele tem um controle total sobre sua arte e narrativa. E não canta nenhuma canção que não seja do seu repertório.
Os signos de suas canções distribuídos pelos dias trazendo e levando as coisas do tempo, das nossas memórias para fazer sentido do que foi sucedendo na voz do artista, de quem canta no ádio, no quarto, no corredor, depois do amor, no jardim, enfim, na casa toda.
A maior lembrança de Odair José é ele mesmo, no palco, cantando “A Noite Mais Linda do Mundo, Essa Noite Você vai Ser Minha, Minhas Coisas, Pare de Tomar A Pílula, Eu Queria Ser John Lennon e Cadê Você? Cadê?
Ele tirou ela daquele lugar
A letra da música Eu Vou Tirar Você DesseLugar, diziam nos anos 70, que o artista falava de uma mulher encantadora que ele conheceu na zona. Não foi bem assim, em entrevista que fizemos com ele em abril passado para MaisPB – a versão certa é essa – Eu lembro de um cara que ia quase todos os dias, na hora do happy hour – e ele chegava com seguranças, e me cumprimentava. Mandava sempre me entregar um dinheiro – O nome dele era Alcides e o dinheiro que ele me dava, era o valor que a boate não pagava por uma semana. Um dia ele me chama na mesa e perguntou pra mim se eu conhecia a música do Roberto Carlos,”Quase Fui Lhe Procurar”… Eu pensei em lhe falar, quase fui lhe procurar…” Ele disse, vamos fazer um trato? Eu tinha 18 anos. “Toda vez que você me ver entrando aqui, esteja tocando o que você estiver, depois toca essa canção do Roberto –”Eu pensei em lhe falar” – logo entendi que era o código para moça saber que ele tinha chegado. Eu até me arrepio lembrando disso. Foram muitos dias. Até que um dia ele sumiu e ela também – vem daí a canção”
Ao longo dos tempos, cantei, cantamos, cantaremos as canções de Odair José de forma imaginária, suas paradas de sucessos nos radios – sempre foi um momento máximo em boas companhias. Valeu, Odair José, aliás, está valendo.
Odair José é um excelente praça. E claro, cantou, Eu, Você e a Praça
Kapetadas
1 – Não exijam fé de gente que dorme em escadaria de igreja.
2 – Digam o que disserem, silêncio é sempre bendito.
3 – Som na caixa – “Eu queria ser John Lennon um minuto só, Pra ficar no toca-discos e você me ouvir”, dele.
4 – O texto é dedicado a Antonia Claudino, Irismar Lira, André Cannaéa, Carlos Azevedo e sua mulher, Sandra Raquel.
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OPINIÃO - 22/11/2024