João Pessoa, 15 de setembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quanto mais buscamos o conhecimento, mais seremos inigualáveis nesse caminho de ser completo. As crônicas de Rubem Braga (RB) são imagens intermináveis da simplicidade, que entram no nosso imaginário, e logo vem uma pausa na elegância de seus textos, uma sensação imediata das cenas cotidianas para refletir, somar e amar.
Há quem diga que “Conversa de compra de Passarinho” publicado pela primeira vez na Revista Manchete, em setembro de 1959, há 65 anos, é a melhor de RB – talvez pelo preço dos balaios de lenha que o menino traz da roça para vender ao mercador ou, certamente, o mesmo menino, que vendeu o coleiro por trinta dinheiros e o velho da bodega tenta repassar por quinhentos cruzeiros.
Logo lembrei da canção “Interior” triste e sublime de Rosinha de Valença, em que se canta “Maninha me mande um pouco, do verde que te cerca, um pote de mel, meu coleiro cantor, meu cachorro veludo e umas jabuticabas”.
A Editora Record lançou um livro capa dura, “Rubem Braga, o lavrador de Ipanema, crônica de amor a natureza”, que suavemente bate de frente destruidor da natureza, (as queimadas nos assustam, né?). O livro de RB toma forma com as ilustrações de Andrés Sandoval, onde estão diversos textos com as coisas mais bonitas da natureza, que não admiramos mais ou nunca admiramos, contadas pelo cronista de Cachoeiro de Itapemirim, com a certeza de que está para nascer outro cronista igual. Rubem é o inventor da crônica.
De fato, está para existir um cronista que a ele se equipare, seus textos inserem mais que muitos romances.
A crônica “Um pé de milho”, é uma imensidão, no formato apenas de um pé de milho verde. No mercado costumamos dizer – “bote os verdinhos”. Tudo em RB era motivo para outra crônica. Uma mão de milho?
Foi Rubem que disse que amar é um ato de paciência e de humildade; é uma longa devoção, daí o elo resistente em suas crônicas sobre a natureza, o liame ou algo mais profundo.
O pé de milho no seu jardim, requebra na crônica com a brisa de Ipanema, como se estivéssemos num show ou a contemplar o campo dos girassóis de Van Gogh . Vejamos: “É um esplêndido pé de milho – Já viu o leitor um pé de milho. Eu nunca tinha visto, tinha visto centenas de milharais, mas é diferente”. O cronista detalha mais o tema, mas não há essa necessidade – o seu pé de milho é imbatível, repito. Onde andará a “boneca de milho” com seus cabelos amarelos?
Um pé de milho sozinho não é uma andorinha, e não mata a fome do homem, é só um pé de milho, nunca um pé de meia, mas a indicação dessa crônica, a valorização que o cronista deu a seu pé de milho, que nasceu em seu jardim é só pra dizer e diz – de que ainda há tempo para melhoramos as coisas, como se tivéssemos a nossa volta essa oportunidade de valorizar algo que está acontecendo, aconteceu.
Rubem Braga traz para dentro de nós, o seu olhar pela janela de Ipanema e vislumbramos o que se abre para novas conversas. Olá, como vai?
A suavidade das palavras de Rubem Braga como se anuncia na crônica “A Borboleta amarela”, que virou nome de livro, é a prova da sensibilidade do autor, a borboleta prosaica prosa marcada pela minúcia, exageradamente bela, que só ele viu essa borboleta no seu voo sem território, entre as plantas, o habitat passageiro.
É tão linda uma borboleta, e o nome mais ainda. Quantas vezes olhamos mas não enxergamos, o pé de milho de Rubem Braga…
Kapetadas
1 – Dinheiro não é tudo, mas quem disse que eu quero tudo?
2 – O grande amor da minha vida era eu. Até que comecei a me cobrar por não responder minhas próprias mensagens.
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VÍDEO - 14/11/2024