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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

O futuro é tão antigo como o passado

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publicado em 21/09/2024 ás 07h00
atualizado em 21/09/2024 ás 08h15

Lembrei de um texto publicado na minha coluna no Correio da Paraíba, na década de 90, sobre um acidente na avenida João Cãncio, em Manaira  – o  motoqueiro Miguel morto no asfalto e o pai beijando o filho – dei o titulo: ´Último beijo´.

Lembram do menino Miguel Otávio, que  morreu aos 5 anos, em junho de 2020, após cair do 9º andar de prédio de luxo no Centro do Recife. Na época,  Sari Corte Real, a patroa de Mirtes Renata Santana, mãe de Miguel, foi presa em flagrante por homicídio culposo, mas foi liberada após pagar fiança. Brasil, né?

Lembrei que Adriana Calcanhoto fez uma canção “2 de Julho” para Miguel (o menino de Mirtes), e Maria Bethânia gravou. “Miguel, cinco anos, nome de anjo, Miguel Otávio, primeiro e único, trinta e cinco metros de voo, do nono andar, cinquenta e nove segundos antes de sua mãe voltar”

Não quero crer em saga.

As frases mais ditas, repetidas, abertas, navalhas,  do repórter  TV  ligada na cozinha, e  eu não me ligo nela, quando veio a  notícia de uma mãe de 26 anos que matou o filho Miguel de 6 anos,  em Mangabeira. A mãe decapitou o seu menino. Um amigo me disse que nada mais lhe abala.

O que me deixa nos lábios, tosto, um gosto estranho, o sonho do menino que não viveu homem e só restou seu nome, Miguel.

Vivemos assim – abalados pelo impossível, coçando os ciclos e nunca aprender com o ser humano, porque o que o futuro é tão antigo como o passado.

Mas se ao menos eu soubesse sempre amar, o que não sei agora, se me fosse oferecida outra vida, a oportunidade de não ter visto a notícia desse crime e não direi outra palavra, senão amor, amor de mãe, que faltou.

Outro Miguel existirá sempre,  o arcanjo.

Hoje não tem Kapetadas

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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