João Pessoa, 21 de setembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Lembrei de um texto publicado na minha coluna no Correio da Paraíba, na década de 90, sobre um acidente na avenida João Cãncio, em Manaira – o motoqueiro Miguel morto no asfalto e o pai beijando o filho – dei o titulo: ´Último beijo´.
Lembram do menino Miguel Otávio, que morreu aos 5 anos, em junho de 2020, após cair do 9º andar de prédio de luxo no Centro do Recife. Na época, Sari Corte Real, a patroa de Mirtes Renata Santana, mãe de Miguel, foi presa em flagrante por homicídio culposo, mas foi liberada após pagar fiança. Brasil, né?
Lembrei que Adriana Calcanhoto fez uma canção “2 de Julho” para Miguel (o menino de Mirtes), e Maria Bethânia gravou. “Miguel, cinco anos, nome de anjo, Miguel Otávio, primeiro e único, trinta e cinco metros de voo, do nono andar, cinquenta e nove segundos antes de sua mãe voltar”
Não quero crer em saga.
As frases mais ditas, repetidas, abertas, navalhas, do repórter TV ligada na cozinha, e eu não me ligo nela, quando veio a notícia de uma mãe de 26 anos que matou o filho Miguel de 6 anos, em Mangabeira. A mãe decapitou o seu menino. Um amigo me disse que nada mais lhe abala.
O que me deixa nos lábios, tosto, um gosto estranho, o sonho do menino que não viveu homem e só restou seu nome, Miguel.
Vivemos assim – abalados pelo impossível, coçando os ciclos e nunca aprender com o ser humano, porque o que o futuro é tão antigo como o passado.
Mas se ao menos eu soubesse sempre amar, o que não sei agora, se me fosse oferecida outra vida, a oportunidade de não ter visto a notícia desse crime e não direi outra palavra, senão amor, amor de mãe, que faltou.
Outro Miguel existirá sempre, o arcanjo.
Hoje não tem Kapetadas
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TURISMO - 19/12/2024