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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Ângela, a premissa da Primavera

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publicado em 01/10/2024 ás 07h00
atualizado em 01/10/2024 ás 08h00

Ângela Bezerra se distingue nas estações. Não, Ângela não se confunde com nada, ela aguenta firme as estações, seja no frio ou no calor. Chegar aos 82 anos assim, somente Ângela, a premissa da Primavera

Ângela é feita do  efeito do afeto da composição como um vaso com flores frescas ou o retrato na parede de Leãozinho  e  tudo contém sua alegria,  a  risada mais gostosa, o olhar mais azul e a tristeza não é sua companhia.

Nasceu sozinha e vive assim, rodeada de raros amigos.

Ângela não é de ninguém. Estudou tanto, ensinou tudo e tudo que fez, que faz, as palavras que ela diz, (porque ela pode) e nenhum sinal lhe reprime.

O saber da sua existência, o que isso significa, a sua presença, a candura, os sinais distribuídos pelos dias e ela é a pele da natureza.

Sobre a pele, traz e eleva coisas sagradas. Seu olhar turquesa, na luz do mar lembra a canção de Roberto Menescal – “dia de luz festa de sol, e um barquinho a deslizar”

Ângela não fala da boca pra fora, nem faz dos encontros um museu das memórias, ela é a própria memoria, que alimenta a gente com seu conteúdo. Ângela no pedestal.

Para fazer sentido, o sentido de estar por perto, Ângela  vai sucedendo, crescendo onde o espaço já  é seu  e reluz com as orquídeas de sua varanda, que namoram entre si. Na casa toda, Leãozinho está por perto. Eterno.

Ângela vem de séculos, foi ela quem me apresentou a Camões, porque ela “savoir par coeur” os sonetos e recita pra mim, uma dadiva.

Parabéns Ângela, hoje é seu  aniversário!

Deuses da chuva dançam pra ela, musa imperante  e não há  tempo que apague para ser bem claro a todo o momento, que aconteceu, está acontecendo, no ângulo, a Ângela que eu estou perto, sempre.

Kapetadas

1 – Eu já fiz tantos anos que me esqueci quantos anos tenho.

2 – Som na caixa: “A face singular de Ângela, enquanto nos surpreende o amor, Oh Ângela”, Jobim

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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