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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

O silêncio quebrado

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publicado em 13/10/2024 ás 07h00
atualizado em 12/10/2024 ás 19h21

A justiça tarda, mas não falha. Essa frase ressoa na minha cabeça desde que a Lei nº 14.132/2021 foi sancionada, estabelecendo diretrizes mais rigorosas para o combate ao feminicídio no Brasil. Agora, aqueles que tiram a vida de uma mulher por razões de gênero podem enfrentar penas de 20 a 40 anos de prisão. Por tanto tempo, um silêncio pesado cobria a dor de tantas famílias, um silêncio cúmplice que permitia que a violência se perpetuasse. As lágrimas de mães, irmãs, filhas e esposas – tantas lágrimas derramadas em vão – pareciam ser apenas um sussurro perdido no vento.

A lei traz um avanço significativo ao tipificar o feminicídio como uma circunstância qualificadora do homicídio. Além disso, ela prevê que a motivação de gênero deve ser considerada em investigações e julgamentos, algo que antes muitas vezes era negligenciado. As medidas protetivas para as vítimas foram ampliadas, permitindo que elas tenham acesso a um sistema de apoio mais robusto e eficaz.

Agora, esse silêncio começa a se quebrar. A lei, fria e impessoal em seus artigos, traz consigo a esperança de uma mudança real, de um futuro onde as mulheres não sejam vítimas de um ódio tão cruel e tão profundamente enraizado. A pena, por si só, não apaga a dor nem devolve as vidas ceifadas. Mas ela representa uma condenação explícita da barbárie, um grito de que a sociedade não tolera mais a violência contra as mulheres.

A luta continua, é claro. Precisamos estar atentas e vigilantes para que essa lei não seja apenas um documento arquivado, mas uma ferramenta eficaz na proteção das mulheres. A educação é fundamental para mudar mentalidades e desconstruir padrões que naturalizam a violência. Precisamos trabalhar juntos, homens e mulheres, para criar um mundo onde o respeito e a igualdade sejam a regra, e não a exceção.

Ainda há muito a fazer. Mas hoje, nesse momento, há um raio de esperança. A justiça está sendo feita.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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