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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Sampa e seus perigos

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publicado em 13/10/2024 ás 15h41

Geralmente pensamos nos fatos do mundo como alguma coisa distante e separada de nós, no embate da rotina, descobrimos que nós somos parte pulsante desse mundão em constante movimento. 

Podemos até dizer que sempre imaginamos que algo nunca acontecerá conosco, mas vem o destino e nos põe na boca do vulcão em plena erupção. 

São Paulo, 12.09.2024, estava eu descendo a Paulista, entrando pela Rua Augusta para pegar um táxi, pois não gosto do movimento daquela avenida movimentada, portanto desço algumas quadras e faço sinal de parada para um motorista que estava livre, sem passageiro. 

Consegui entrar em um carro médio de vidros abertos, sem ar-condicionado ligado, mas de praxe o motorista já fechou o vidro da minha lateral e deu largada brusca. 

Chegando no sinal vermelho, ouvi umas batidas estranhas no vidro com um objeto escuro e o rapaz de capacete falando pelos cotovelos. 

O motorista dá uma arrancada de mestre e fomos em direção a outro bairro, mas em desespero, porque o sujeito nos seguia em sua moto, também aceleradíssimo. 

O motorista faz um alerta e avisou-me de que o sinal fecharia e não teríamos tempo de nos safarmos do pilantra em nossa cola. Ele nos alcançaria em breve. 

Abaixei-me no banco, procurei por meu celular para ligar na polícia e não achei, já estava todo suado e todo me tremendo, quando de repente o motoqueiro fala alto com o taxista que já estava de mãos ao alto, que apenas queria devolver o celular do moço que deixara cair na Rua Augusta.

Ele mostra o objeto, e percebo e reconheço meu celular e com a cara mais arrependida do mundo tranquilizo a todos abaixando o vidro de trás e levando uma baita bronca do motoboy que, juro, não consegui escutar de tão nervoso e aliviado que estava. Pedi para ambos trocarem contatos para serem recompensados e me dirigi ao hotel. 

Pedi perdão aos envolvidos, antes que me crucificassem, tá? 

Chegando lá, fiquei pensando nas possibilidades da frase que o moço me xingou. A cara dele não estava das melhores, mas pensei comigo mesmo, não é todo dia que estamos preparados para ver uma ação de tamanha bondade e com bastante emoção e solidariedade. Estou certo ou ele está errado? 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB