João Pessoa, 15 de outubro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Quer escrever uma cena de amor? Faça assim: diga que um menino chamado Juão, de nove anos acorda todo dia de manhã bem cedo para ir à escola. Ele desce os degraus da escada de sua casa de quatro em quatro, (como a gente fazia no colégio São José) sai de casa na carreira anda uma quadra e toca a campainha da casa de seu amigo, Juzé.
Juzé mora numa casa muito pobre, de um único quarto, que divide com a mãe e mais dois tios, garis.
O amigo Juzé está sempre atrasado e sai do quarto correndo, segurando uma tigela de onde tenta engolir às pressas o café com leite que sua mãe preparou.
Todos os dias, sem exceção, a mãe o vê nessa pressa excitada e, sorrindo afobada, diz: “assopre forte, que esfria mais rápido”.
Eu achei lindo uma postagem no perfil de Caetano Veloso, falando que quando ele era menino, o chamavam para ver o pôr do sol. Que chamavam ele para ver coisas bonitas.
Aqui atrás da nossa casa no Rio Jaguaribe, tem um macaquinho com um filhotinho nas costas. Eu juro.
Estou aqui, a contemplar a cena da outra margem do rio – parece um sagui–pigmeu, mas o macaquinho está lá. Conforto passageiro, mas por ser passageiro é bom. O macaquinho é passageiro.
Filhotinho, você vai crescer e um dia, outra vez, vou te dar uma banana.
Os dias passam, as palavras soltas e cada um aprende a construir seu conhecimento.
E o menino de Nova Fátima, no norte do Paraná, que matou 23 animais?
(inspirado em cena de “o primeiro homem”, de Albert Camus)
Kapetadas
1 –Na minha cozinha tem um pote até aqui de mágoa.
2 – É isso os arrepios não mentem.
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OPINIÃO - 22/11/2024