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Há muitos defensores do uso de psicoestimulantes como “drogas da inteligência” ou potencializadores do desempenho cognitivo, alegando serem medicamentos seguros. Este é um mito muito perigoso. Divulgar a ideia que psicoestimulantes como Ritalina (metilfenidado), Venvanse (Lisdexanfetamina), Cocerta (Cloridrato de metilfenidado) etc., podem ser usados à vontade e sem prescrição médica, é um desserviço á saúde pública, pois qualquer medicação envolve riscos e efeitos colaterais, ainda mais quando se trata de medicações psiquiátricas. É justamente por isso que existem normas de controle para a comercialização destas e outras drogas.
Estudantes e “concurseiros” têm consumido com frequência essas drogas, visando aumentar a concentração, memória e ou diminuir o cansaço. Assim sendo, usam para virar noites estudando, especialmente em vésperas de provas. Embora tais medicações tenham efeitos positivos em pacientes com TDAH, Narcolepsia etc., não há nenhuma comprovação científica que tais drogas melhorem a aprendizagem em pessoas saudáveis.
É correto afirmar que, assim como qualquer outro estimulante cerebral, essas substâncias ajudam a melhorar a energia, tiram o sono, e podem aumentar o foco. Como resultado, o usuário realmente consegue passar a noite em claro. Eventualmente no dia seguinte, este poderá lembrar do que estudou, e se dar bem na prova. Entretanto, no médio prazo, estas memórias irão desaparecer.
Essa cultura de consumo indevido de psicoestimulantes vem acontecendo em quase todo o mundo. Os Estados Unidos, por exemplo, são os maiores consumidores mundiais de Ritalina (metilfenidato), e o Brasil ocupa o segundo lugar nesta estatística. Alguns dados nacionais atestam que, nos últimos anos, o uso indiscriminado de psicoestimulantes no Brasil, teve um aumento de mais de 1.000%, sendo grande parte deste uso inapropriado alimentado por vendas ilegais pela internet, prescrições médicas sem o devido critério e ou uso sem receitas. E, assim sendo, o consumo dessas substâncias tem assumido proporções assustadoras.
A Ritalina é a droga campeã do referido consumo indevido. Este medicamento é normalmente usado no tratamento de pacientes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e também portadores de Narcolepsia. Portanto, o uso deste fármaco é extremamente restrito e deve ser acompanhado por um médico especialista, já que, se consumido de forma inadequada, poderá acarretar efeitos colaterais como: acatisia (inquietude), alterações de humor, insônia e, em longo prazo, alucinações, surtos psicóticos, crises de pânico, dores abdominais, alterações hipofisárias e sexuais, e até mesmo ideação suicida. Sendo importante acrescentar ainda, que o uso inadequado pode acarretar um quadro clínico de piora da atenção e da cognição, como afirma os professores RODRIGO; ANDRADE, 2022.
Segundo alguns especialistas nesta temática, o uso inadequado e indiscriminado destas substâncias poderá levar o usuário a um risco iminente de crise de pânico, quadro psicótico com mania de perseguição, irritabilidade e nervosismo, crise de hipertensão, entre outros riscos sérios.
Todos estes psicoestimulantes, Ritalina, Venvanse, Concerta etc., pertencem à família das anfetaminas, e todas as anfetaminas têm forte ação estimulante. Dessa forma, causam euforia e energia momentâneas, sensação de grande capacidade de execução e também camuflam a fome e retiram o sono, deixando a pessoa “pilhada”. Contudo, reitero, o que falam todos os especialistas em saúde: o consumo de psicoestimulantes para fins não médicos e com o intuito de melhorar a função cognitiva, além de não ser aprovado pelas autoridades públicas, não tem comprovação científica para tal uso, e não há evidências literárias da eficácia destas drogas para o aprimoramento cognitivo.
Por fim é importante afirmar que, o consumo inadequado destas drogas poderá também acarretar a síndrome de abstinência. E, embora tal sintoma não tenha a mesma intensidade daquele observado com outras drogas, como, heroína, morfina, cocaína etc., ainda assim, pode haver a chamada dependência pelo bem-estar, pela euforia que vai embora quando passa o efeito da substância. Basta querer tomar novamente para sentir-se bem. Está aí o risco da dependência química.
Assim, se você é saudável, não deve tomar nenhum tipo de fármaco, pois o seu corpo já tem tudo que você precisa. Respeite o tempo natural do seu organismo!.
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OPINIÃO - 22/11/2024