João Pessoa, 01 de novembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Recentemente, aproveitando os últimos dias das minhas férias, resolvemos viajar. Com mais sorte que Cabral, que precisava do astrolábio e da balestilha – instrumentos que permitiam aos navegadores determinar a posição do navio em relação aos astros –, nem precisamos mesmo dos velhos mapas de papel, mas do bom uso da tecnologia ajudando o ser humano a ser deslocar, quando utilizamos apenas o smartfone com o google maps como nosso navegar, tecnologia que permite, com precisão, encontrar facilmente latitude e longitude, posicionando o navegador na rota correta, embora não estivéssemos na Autobahn alemã, a estrada foi satisfatória.
E chegamos a Blumenau, para conferir a Oktoberfest, segunda maior festa cervejeira do mundo, que resgata a cultura germânica. É verdadeiramente uma manifestação popular, em que velhos, jovens e crianças, vestem-se tipicamente, para reviver a cultura dos colonizadores, através da culinária, desfiles, muita música e muito chope.
Mas o que tem esta cultura de tão extraordinária. A língua é difícil de pronunciar, uma só palavra, pode dizer muitas coisas, como por exemplo: Rinderkennzeichnungsfleischetikettierungsüberwachungsaufgabenübertragungsgesetz. Difícil não?
Mas o que há de tão especial nessa cultura, que produziu tantos intelectuais em várias áreas do conhecimento, desde a música erudita, como Beethoven, Bach, Strauss, Mendelssohn e Wagner. Sem contar com Goeth, a influenciar toda a obra literária do mundo. Einstein, pela teoria da relatividade. Nöether, considerada como a mulher mais importante da matemática. Leibniz, pelas calculadoras. Röntgen, pela descoberta do raio-X. Gutenberg, pela prensa. Sem contar na influência do filosofo Marx, Kant, Arendt, Jonas. Ou mesmo, na economia forte, pelos tão desejados luxuosos automóveis Porche e Mercedez bens, seja mesmo pelos seus 115 prêmios nobéis conquistados ou pelo fato de ser o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo, com 107 litros por pessoa.
A festa foi verdadeiramente um sucesso. Milhares de pessoas vestindo trajes típicos, sem nenhuma violência, ou mesmo medo dos pickpockts. Desfile de rua com muitas bandas de música, e a juventude aplaudindo, embora, todos com o celular na mão, filmando e fotografando, como de costume, sem medo de assaltos. Parecia que não estávamos no Brasil!
E viva a cultura, numa festa que se diz sustentável, porque vai muito além da tradição e da cultura germânica. A maior festa alemã das Américas também se destacou pelas ações de sustentabilidade e compensação ambiental, porque firmou compromisso com o plantio de 6,5 mil novas árvores, com a recuperação de uma área de 140 mil metros quadrados, foi recolhido 100% do óleo de cozinha utilizado nos pontos de alimentação da Vila Germânica e valorizou 100% do lixo gerado na festa. Durante o evento foram recolhidos 128,91 mil toneladas de resíduos, além da coleta de 2.060 litros de óleo das cozinhas do evento.
Foram realizados repasses para o esporte, 1% do valor bruto da venda de bebidas alcoólicas é doado ao Fundo Municipal para Ações de Políticas Públicas sobre Drogas (Fremad), além de repasse de R$ 381.965,14 ao Fremad, que serão aplicados em ações de responsabilidade social, prevenção e consumo responsável de bebidas alcoólicas em Blumenau.
Sem contar num olhar diferenciado para a acessibilidade, com ações desenvolvidas para melhor receber a pessoa com deficiência no evento. Banheiros foram reformados, cadeiras de rodas elétricas, normais e para obesos foram adquiridas, entre outras ações que resultaram em mais conforto e inclusão.
E viva a festa da cultura sustentável!
ADRIANA BARRETO LOSSIO DE SOUZA
Juíza de Direito da 9a Vara Cível.
Graduada em direito pela UFRN.
Especialista em Direito Digital e Gestão Jurisdicional de Meios e Fins.
Mestranda em Direito Econômico.
Amante da poesia e das artes.
Viajantes desmedida.
Cidadã do mundo.
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OPINIÃO - 22/11/2024