João Pessoa, 02 de novembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Sonhei que eu era Rainer Maria Rilke (foto) através das traduções do mundo, sonhei que éramos livres e eu amava, amava tanto que a vida era maior que os poemas de Rilke e eu não via sinais de perigo. Tudo era tão límpido, puro e enlouquecedor, como vestir uma camisa listrada e sair por aí.
Talvez fosse minha obrigação (eu era filho de leitor contumaz), através do qual aprendi a ler e a gostar de ir estudar todas às tardes iniciais da minha vida no Colégio São José. E tudo era original. Eu gazeava aula para ficar na biblioteca.
Mas as traduções da vida, as traições da vida, me acordavam e eu permanecia dormindo como um menino, o menino grande da canção de Antônio Maria, o mais singelo compositor pernambucano.
No sonho, Akira Kurosawa me contava uma lenda japonesa de um velho mestre que falava de amor e justiça, o fio que liga as almas, creio eu, à linguagem magnificamente certeira (ia dizer: cirúrgica) do meu sonho com poeta alemão.
E foram dias e mais dias sonhando que me encorajaram a ler mais tarde, alguns poemas do Bandeira, outro pernambucano, o da Estrela da Manhã
Como muitos outros leitores, eu me impressiono fácil com as coisas duradouramente imagináveis ou inimagináveis. Ainda hoje mal consigo pensar sobre o liame, sem chorar escondido.
Vivo de arrepios e comoções. E até hoje continuo a tentar encontrar o verdadeiro sentido da vida — que aliás, não precisava de ter sentido nenhum, ser apenas uma passagem aqui na Terra, já é o sentimento do mundo.
Eu tinha aprendido que é possível sonhar o sonho impossível (mas acordado) Com Deus, eu me jogo aos pés da Santa Cruz.
Sonhando que eu era Rilke aprendi que tudo é natureza, a mais sutil forma de amar para com o mesmo Deus, que nos ensinou a sonhar, sonhar, sonhar e acordar para a vida.
Leiam comigo em voz alta esses versos de Rainer Maria Rilke: “São horas, Senhor. O Verão alongou-se muito. Pousa sobre os relógios de sol as tuas sombras, E larga os ventos por sobre as campinas”
Precisa de Kapetadas? Então, vamos lá
1 – Não tenha medo, tenha um bom álibi.
2 – Pois bem, como os humanos decidiram não fazer a revolução, a Terra está fazendo.
* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB
TURISMO - 19/12/2024