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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Xícara de café

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publicado em 03/11/2024 ás 08h14
atualizado em 03/11/2024 ás 14h13

Nem todos tomam – os médicos  dizem que faz mal. Ora, bolas! Nem todos nós, por exemplo, nesse vapor barato que enfrentamos diariamente, disparadas notícias de fantasmas no poder e nem adianta o velho jargão – alguns com tanto e outros quase nada, quase nada.

Por que, em todos os tempos, em todas as culturas e em todos os lugares, nomeiam-se fantasmas?  Por que determinada pessoa é nomeada e não faz nada, por nada saber?

Na verdade, por que o nome determina tanto a criatura, como sabem vós, os nomeados são fantasmagóricos.

Nomeia-se para que se possa chamar ao feito: “Fulano! Olha isso! Venha aqui! Cuidado! Não faz assim!” Mas é só onda. Nós é que pagamentos o pato.

Somos chamados para homenagearmos os fulanos. “Eu te amo, meu fulano adorado. Some daqui, seu fulano imbecil! Nomeia-se para que haja reputação e memória: lembram do que fulano fez?”

Miremo-nos no exemplo de Sicrano, o pai dele era um gênio,  a mãe de Atenas – geniosa. Beltrano será nosso símbolo por gerações intermináveis. Mas precisa ser nomeado para isso?

 Nomeia-se para ninar: “dorme, meu fulaninho querido. Nomeia-se para a vingança: você pensa que eu vou esquecer, algum dia, do que você fez ? Sim, fulano esqueceu o favor que se fez a ele, talvez o maior, ou como costumamos dizer – você salvou a lavoura. Isso á arcaico, Sr. K! #lavouraarcaica – Salve, Raduan Nassar!

Repito – nomeia-se para que exista o tempo e a memória Não, mas acima de tudo, nomeia-se para que sempre exista o escravo de alguém. Aí é foda.

A vida, disse o atendente estertorando, é uma xícara de café. Não, a vida é uma xícara de chá, não, a vida é uma xícara de café, a vida é uma xícara de chá!”, repetem todos os habitantes do lugar.

De boca em boca, a vida é ostra, é oca, até chegar sua vez de sair da cadeira, do velho chá de cadeira, sua caveira!

Um gira-mundo como eu, menos avisado sobre a “santidade” do poder da igreja que matava e morria, já morreu,  mas perguntou de novo: “por que a vida é uma xícara de café?’ E todos, no sentido contrário repetem: mas por que a vida é uma xícara de café? Mas por que a vida é uma xícara de chá?” Por que todos pedem um cafezinho e lá vem a  moça que foi nomeada para servir o café.

Até que a pergunta finalmente chegou ao doutor agonizante, feita por um imbecil cauteloso, que a segredou temerário: “senhor, por que a vida é uma xícara de chá?’ ”Não a vida não é uma xícara de café! e morreu.

Melhor pensar no carnaval na dança pagã da carne, desprovida de culpa: que os nomeados à luz do grande salão, e sozinhos, sintam um comichão a acossá-lo, como que vindo de dentro e detrás, arrostando-se para a frente.

O rei com as calças do pijama arreadas, se dirige com fremência  de fato, digo, ao vaso, onde, pasmo diante da velhice de seu pintinho, mija fora da privada  no balanço de repetidas vezes, para adiante pegar o segundo jato. É chato, né?  É nada. Então, vamos tomar um café?

Kapetadas

1 – Bandos e bandas dos anos passados. Palhaços das perdidas gerações

2 – Tudo que nasce deve morrer. Exceto os boletos.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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