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Paraibano da Capital. Tocador de violão e saxofone, tenta dominar o contrabaixo e mantém, por pura teimosia, longa convivência com a percussão, pandeiro, zabumba e triângulo. Escritor, jornalista e magistrado da área criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba.

OS SACIS E AS FADAS

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publicado em 04/11/2024 ás 08h43
atualizado em 04/11/2024 ás 08h49

Vejo com surpresa aumentarem celebrações do tal RALUÍN aqui por essas bandas. Até onde sei, é um festejo do Hemisfério Norte, salvo engano, de origem Celta. Bacana. Mas, para eles lá. Não nos pertence, não tem a ver com nosso povo, nossas tradições e cultura.

Parece que foi trazido para nós por escolas de inglês, e a coisa foi caindo no gosto. É certo que não se pode ter preconceito por algo, apenas porque veio de outras terras. Em termos musicais, temos o Rock and Roll, e o Jazz, por exemplo, ao meu sentir, extremamente bem vindos. Os mais puristas poderão suscitar que, esses ritmos têm origem na África. Mesmo lugar de onde veio o nosso Samba. Mas, o fato de amarmos o nossa Samba, não implica, necessariamente, em repulsa aos outros gêneros musicais.

A querela com o “raluín” consiste na própria festa em si, que traz em seu bojo bruxas de chapéus pontudos, duendes, gnomos , leprechauns e outros bichos, jamais vistos por aqui, antes da moda começar a pegar. São personagens estranhos , que não permearam o nosso imaginário.

Não que nos faltem assombrações, temos bicho papão, curupira, mula sem cabeça, cuca , negrinho do pastoreio, lobisomem , “cumade fulozinha” , iara mãe d’água e o famoso saci pererê. É um elenco sobrenatural para ninguém botar defeito, não precisaríamos importar abantesmas.

Nesse particular, o genial José Mojica Marins , mundialmente conhecido como Zé do Caixão (COFFIN JOE, como é conhecido e respeitado nos países de língua inglesa) bateu o pé e fez birra, em defesa das nossas assombrações.

Quando o filme O EXORCISTA, dirigido por Willian Friedkin, lançado em 1973, alcançou sucesso mundial, Zé do Caixão lançou o filme “Exorcismo Negro” . Não se conformava com a história de temer diabo importado. “O nosso diabo é muito melhor” , dizia ele. Para promover sua película, lançou a campanha “O diabo é nosso” . Conseguiu lotar os cinemas com o terror nacional. Mojica é, aliás, considerado o primeiro cineasta brasileiro a tratar do tema. Pai do cinema de terror no Brasil.

Sei que, existiu Projeto de Lei com o objetivo de estabelecer exatamente o dia 31 de outubro, como dia do Saci Pererê, o Projeto de lei nº 2.479/2013, elaborado pela Comissão de Educação e Cultura. Foi uma tentativa de proteger a cultura brasileira contra essa invasão. No Estado de São Paulo, existe a Lei nº 11.669, de 2004, no mesmo sentido. Sábias leis, em defesa do nosso patrimônio cultural. Espero que vinguem.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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