João Pessoa, 06 de novembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
A liderança! Ah, a liderança! Quantos sonham com o aplauso fácil, com o amor incondicional de seus súditos. A imagem do governante amado, carregado em ombros, banhado em flores e louvores, é tentadora. Mas o caminho para esse afeto é íngreme, cheio de obstáculos e, muitas vezes, uma pura ilusão.
Porque o amor popular, tão volúvel quanto o vento, pode se transformar em fúria cega em um instante. Uma decisão impopular, um revés econômico, uma simples desavença, e as flores viram pedras. O governante amado, de repente, se encontra sozinho, abandonado, sem o escudo da afeição que julgava possuir.
Há outra via, outra vida, a rela, mais espinhosa, mas talvez mais segura. É a do temor respeitoso, da obediência forjada não no carinho, mas na prudência. Não se trata de crueldade, mas de uma liderança firme, que inspira respeito e evita os deslizes que a afeição costuma mascarar.
Conciliar amor e temor é um desafio quase impossível. A ambição por ambos leva a uma inconstância que fragiliza o poder, uma dança perigosa entre a popularidade efêmera e a força duradoura. A escolha exige um cuidadoso cálculo, uma fria avaliação das consequências. Um ato de equilíbrio delicado, sobre a corda bamba da governação.
Em resumo, a coroa pesa, seja pelo peso do amor, seja pelo peso do medo. A sabedoria do governante está em escolher qual carga melhor se adapta à sua jornada, entendendo as implicações de cada escolha. O caminho nem sempre é óbvio, e a busca por estabilidade demanda decisões difíceis, que podem moldar o destino de muitos.
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OPINIÃO - 22/11/2024