João Pessoa, 16 de novembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Aí estão algumas palavras: Amor, ódio, desespero, fome, desinteresse, silêncio, agonia, aperreio, solitude, solidão, sexo, companheira, mentira, talvez, talvez, talvez.
Mas nem tudo se resume a números de palavras. Pela milésima vez tudo se mostra na busca por nós mesmos, que criamos as palavras e a dificuldade de interpretá-las. Uma coisa em que penso frequentemente quando escrevo. Cadê as palavras?
Além do enredo e dos temas, dos personagens e do tom, do tom que se faz e o tom da maneira como se diz – olá, como vai? – há sempre a distância de cada palavra, principalmente os palpiteiros.
Usar uma palavra gasta e nenhuma é a palavra definida para aquele momento, que significa não usar outra palavra. E isso me parece ser uma palavra que não está no Processo de Kafka.
Para finalizar a nossa conversa, um senhor ao me encontrar numa padaria, disse que me conhecia de outros tempos – achei um fora do tempo, que carecia de melhor identificação. Ele perguntou se podia me abraçar e eu disse – o abraço é reciproco. Palavra chata essa – reciproco e só não é mais que quiproquó.
Eu só queria agradecer por essa troca, pela amizade e por ter recriado tão bem e obsessivamente as palavras que usamos– gostaria de saber algo talvez um pouco abstrato sobre outras palavras, mas isso me intriga.
Ao escolher uma palavra na língua portuguesa, você está colocando em circulação, trazendo para tudo ou nada, o que significa aquela palavra que nunca foi dita.
Como você faz esse relacionamento, essas escolhas? Não sei, sei que as palavras têm seu peso. Você costuma consultar com a lupa, que tipo de dicionários?
Quando você sabe que terminou, como chega a um resultado, a um sistema de equivalências com o qual está satisfeito, aí vem a palavra realizado, mas não ficou explícito, nunca fica, porque nunca estamos realizados. Nunca estamos completos, sempre querendo outra palavra.
Não sei mais como terminar esse texto.
Com a palavra, o leitor, o leiteiro de Drummond, Januária na janela, quem é ela, quem é ela?
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Com a palavra, Carl Jung
A solidão é para mim uma fonte de cura que faz minha vida valer a pena. Falar costuma ser um tormento para mim e preciso de muitos dias de silêncio para me recuperar da futilidade das palavras.
Kapetadas
1 – Carlos, alguém está tentando entrar em sua conta. É você? Se for, parabéns, finalmente lembrou a senha.
2 – A verdade da vida é que a busca pela felicidade é a principal causa de infelicidade.
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VÍDEO - 14/11/2024