João Pessoa, 19 de novembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Volto ao assunto da violência no trânsito, mesmo tenha consciência que falar sobre mortes nas estradas e ruas brasileiras não é novidade para ninguém.
Confesso que fico revoltado, e ao mesmo tempo frustrado, não só com a inércia do poder público, como também com a própria sociedade, que parece não se indignar mais com tão grave problema.
Por que será que, apesar dos estarrecedores números desta guerra sem fim, a grande maioria da população continua inerte, e parece rendida à indiferença? Será que os cidadãos e cidadãs brasileiras só se inquietam quando são diretamente atingidas?
Apesar da já citada frustração que me acomete, continuarei batendo nesta tecla, pois, prefiro acreditar no princípio, segundo o qual, a conscientização só acontece com a massificação da informação.
Desde o ano de 2005, a Organização das Nações Unidas estabeleceu o terceiro domingo de novembro como o “Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito”. Portanto, este ano, tal data foi lembrada no domingo próximo passado, dia 17 de novembro. Mas, infelizmente, não há nada a ser comemorado, apesar da importante iniciativa da ONU e OMS, Organização Mundial de Saúde, quando no ano de 2011, lançaram a Década de Segurança Viária. Porém, apesar desta iniciativa, os números de mortes no trânsito continuam estarrecedores e, ao que parece, não há perspectiva de melhora no curto prazo.
Os dados oficiais publicados neste mês de novembro indicam que entre 2011 e 2023 a violência no trânsito matou cerca de 17 milhões de pessoas em todo o mundo, e, em média, 650 milhões ficaram feridas, muitas destas com sequelas graves.
Segundo as mesmas fontes, no Brasil a realidade não é diferente, pois em pouco mais de uma década, o trânsito nacional ceifou a vida de aproximadamente 500 mil pessoas.
Assim sendo, a violência no trânsito brasileiro ocupa o preocupante lugar, de segunda maior causa de morte no país, à frente até dos homicídios e do câncer. Perde apenas para aquelas motivadas por doenças circulatórias. Vale acrescentar ainda, que a mortalidade no Brasil, por acidentes de moto, nos últimos 15 anos, aumentou em média 900 por cento.
Segundo um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, o custo anual dos acidentes de trânsito para o país, é de mais de 40 bilhões de reais. E que, em média 70% dos leitos hospitalares são ocupados por vítimas de acidentes não fatais de trânsito.
O mais inquietante é saber que a grande maioria destas mortes poderia ser facilmente evitada apenas com pequenas ações e algumas mudanças de atitude, uma vez que as principais causas destes acidentes se agrupam em apenas três categorias: fatores humanos (imprudência, imperícia e negligência), infraestrutura precária das vias, e falta de manutenção dos veículos. Sendo que, o fator humano está presente na quase totalidade destes acidentes.
Portanto, necessário se faz, que cada cidadão e cidadã se comprometam com esta missão pela paz. Somos parte deste mesmo trânsito. Independente de estarmos na condição de motorista, motociclista, ciclista ou mesmo pedestre. Cada indivíduo deve adotar e assumir a sua mudança de atitude, não entregando veículos nas mãos de pessoas não habilitadas; não dirigindo após ingerir bebidas alcoólicas ou outras substâncias psicoativas; respeitando às leis de trânsito; fazendo a manutenção devida do seu veículo etc. Bem como, cobrando do poder público uma boa manutenção e fiscalização das vias públicas, pois só assim poderemos alcançar a sonhada paz no trânsito brasileiro, e a consequente e necessária diminuição do número de pessoas sequeladas e mortas prematuramente.
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TURISMO - 19/12/2024