Fosse “somente” o posto, a condição de líder do maior partido da oposição no Senado já distinguiria o senador Cássio Cunha Lima, mas ocupar essa função num período de intensa turbulência nacional e aprofundamento dos questionamentos contra o atual governo aumenta ainda mais a responsabilidade e a importância da missão assumida ontem pelo senador paraibano.

A chegada ao cargo revela o crescimento de Cássio dentro da cúpula do ninho tucano em Brasília. Afora a amizade íntima com Aécio Neves, o campinense conquistou prestígio junto à nata do tucanato pela atuação destacada no contraponto à gestão do PT nos grandes embates travados na Casa Alta.

A experiência de 30 anos de vida pública e de sucessivos mandatos reveste o senador de maturidade, firmeza e equilíbrio para tocar a tarefa confiada pelos seus pares no Senado. Se terá o bônus das freqüentes aparições na mídia nacional, enfrentará também o ônus de virar alvo dos adversários.

O momento também impõe um grande desafio ao senador Cássio Cunha Lima. Como cumprir o mister de liderar o PSDB e ao mesmo tempo produzir legislação e ações em favor diretamente dos paraibanos, os responsáveis maiores pela sua presença no Senado para representar um Estado carente de desenvolvimento e estrutura?

Algo desafiador, porque quanto mais aumenta seu cacife na oposição, mas o Planalto sentirá a ‘natural’ e proporcional necessidade política de, na reação, isolá-lo, de dar as costas aos seus pleitos e teses, e de usar poderosos instrumentos para abafar sua voz, mesmo a verbalizada em defesa da Paraíba.

Outra dificuldade. Num Estado como o nosso, marca muito mais os resultados práticos e efetivos, em termos de ações, projetos e obras de um mandato, do que os concatenados, sagazes e oportunos apartes e discursos nos microfones do Senado. A Paraíba não só quer, ela precisa além da capacidade do tribuno. O legislador Cássio tem o desafio de fazer do verbo algo palpável. E na oposição, não é fácil.

*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba.

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