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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

A cruz do velho Aeon

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publicado em 23/11/2024 ás 07h00
atualizado em 23/11/2024 ás 08h12

Fui ao cinema procurar Truffaut, ele não estava. Fiquei danado. Fui com Jória Gurreiro. Ela não é testemunha de Jeová, mas tinha também um encontro como cineasta francês François  Truffaut. Aliás, WG ainda é o guru da mocidade independente.

Em mundaréu de coisas, mas um dia antes assistimos ´A Preferida do Rei`, (dirigido por Maïwenn) uma coisa louca, tanto amor e no final o grito – o rei está morto.

O rapaz veio dizer que deu um problema com documentário sobre Truffaut. Não entendi nada. Saí dali como quem padece de expectativas. Ou dá ou desce. Não deu.

Já era noite quando na solenidade de lançamento do livro de Marcus Odilon – digo relançamento, o  cerimonisliata disse que o padre Albeni representava a API – Associação Paraibana de Imprensa.  Quase tenho uma síncope vasovagal.

Do meu lado uma moça vestida de verde, com dois celulares top (não gosto dessa palavra top) me pediu para dividir a Internet. “Fiquei bege”, disse uma terceira pessoa na calçada do Cine Odeon.

Um acadêmico já bem avançado no tempo, falou horas e não tinha quem parasse. Embaixo dos cajueiros da Casa de Zé Américo o K e o jornalista Lenilson Guedes encontramos a juíza Rita de Cássia, que falava o tempo todo sobre Foucault. Ué, num foi Foucault que disse: “não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo”? Dei no pé.

Nada rimava com Diásporas, onde os convidados ficam espalhadas pelo mundo todo. A nossa vidinha é bem diferente ou indiferente.

Me sinto às vezes exilado no Brasil. No nosso cotidiano somos um núcleo minúsculo, mas em toda parte, em todos os continentes, nem precisa mais acreditar que existe vida noutros planetas – eles já estão entre nós.

Antes do fim do mundo ouviremos histórias engraçadas e trágicas, mas sabemos o que é bom – de modos de ser, de rir, acompanharemos a procissão. Às vezes, chegam fotografias sem rosto. Como as fotos duplicadas de muitos rostos deformados pela lógica da moda.

Em casa cristalizado, tentei ver a luta de Mike Tyson e Jake Paul. Não sei quem ganhou. Quando abri os olhos já era hora de caminhar. Na memória em determinada posição, determinada idade, por mais que o tempo passe, por mais que o tempo tenha passado, não me acostumo com os otários. São uns trouxas, né?

Já eram dez horas da manhã quando o feicibuqui me avisou para dar parabéns ao jornalista Humberto Lira. Ué, Humberto já foi faz tempo, mas em tempo, deixou 8 perfis no face.

A espera, o coração acelerado por saber que nada sei, vi o trem das sete horas na caminhada na praia do Cabo Branco, surgindo detrás das montanhas azuis, olha o trem, vem trazendo de longe as cinzas do Velho Aeon.

Onde estávamos?

Kapetadas

1 – A turbulência é o único momento em que os passageiros de Econômica, Executiva e Primeira Classe têm a mesma experiência de voo.

2 – Aquela frase “no meu tempo as pessoas tinham vergonha na cara” já morreu faz tempo, muito tempo.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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