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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

O turco de Budapeste

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publicado em 24/11/2024 ás 07h00
atualizado em 23/11/2024 ás 17h23

Contarei o dia que tive uma experiência surreal em Budapeste, no Leste Europeu.

Eu estava na entrada da boate com um grupo de amigos do hostel, quando alguns gringos de diversas nacionalidades me pediram pra eu tirar fotos deles, dentre eles, um turco que disse que viajava sozinho e escrevia para um portal de turismo. 

As fotos seriam para este portal. Eu amo tirar fotos, então fiz a festa de “clicks” para o turco.

Ela tirou uma nota de vinte euros( fiquei louco para pegar hehehe), mas segundo conselhos do meu falecido pai, não aceitei. 

Mas ele insistiu, disse que era costume em Istambul e começou a querer enfiar a cédula azulada no meu bolso, eu neguei, afinal, fiz apenas uma gentileza. Daí ele disse: tudo bem, então vou te pagar um vinho! Os vinhos húngaros são os melhores do mundo, disse com bastante convicção. 

Eu caí na tentação e disse que tudo bem, pois nunca tinha ouvido falar em vinho da Hungria. 

Ela veio com duas taças lindas e já me convidou para conhecer seu país e sua gente.

O papo estava bem desenvolto, o inglês de ambos era muito fluido, tivemos afinidades em vários assuntos, inclusive no vinho seco.

Que vinho delicioso, já o convidei para mais vinho.

E tome vinho de nome esquisito, o moço do bar já me chamava pelo nome. O bar era tipo boate destruída com vários ambientes pichados, famoso na cidade, uma onda! 

Cada lugar tinha seu Dj e seu estilo, mas o nosso recanto escolhido foi o “wine bar” apenas de vinhos locais.

Passadas horas, ele me perguntou de onde vinha tanta disposição.

Eu perguntei o motivo dele fazer a pergunta, ele confessou que tinha colocado uma espécie de sonífero no meu vinho e estava muito arrependido.

Eu respondi ( com medo lógico) que era esse o motivo da minha força, retirando do bolso um “vaper”, cigarro eletrônico que tinha comprado em Praga. 

Falei que em Praga eles vendem nas lojas esse cigarro de energético, tipo redbull, com sabor de “lemongrass”, capim-limão, ou capim-santo para um bom nordestino. 

Insisti pra ele aspirar e ele meio sem jeito, aceitou e cai no gosto a tragar e tragar…

Haja vinho de nome esquisito e capim eletrônico…

Depois da décima baforada turca, este rapaz estava revirando a íris e a pupila dilatadíssima, me pediu pra encontrar os amigos dele com olhos extremamente vermelhos em brasa e eu gargalhando horrores. 

Ele me perguntou por que eu sorria tanto, eu falei que era do vinho maravilhoso da região do Leste europeu que estava me deixando com alto astral. 

Ele disse que o mundo estava rodando e eu disse que avistei seus amigos e os meus juntos em um mesmo grupo lá no fundo da boate lotada.

Levo o turco já de olhos fechados se arrastando para o lado dos amigos.

Todos assustados perguntando o que tinha acontecido.

Eu expliquei, olha, falei pra ele que tinha um vaper de canabidiol maravilhoso em Praga e ele não acreditou, me pediu pra usar e quase detonou os puffs(baforadas)…

O turco ficou mudo e estático, deitado no sofá do canto e eu voltei para meu bar de vinhos preferido! 

Foi uma das noites mais divertida da minha vida. 

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB