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Educador físico, psicólogo e dvogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal Investigativa. Ex-agente Especial da Polícia Federal Brasileira, sócio da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas e do Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. Autor de livros sobre drogas.

A cultura da pressa e de pessoas escravas do tempo

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publicado em 26/11/2024 ás 07h00
atualizado em 25/11/2024 ás 17h01

 

Na sociedade contemporânea é comum que as pessoas vivam numa correria desenfreada, e estejam sempre a reclamar da rapidez da passagem do tempo. Mas, o tempo sempre anda à mesma velocidade!

Assim disse o pensador David C. Haubert: “Somos todos escravos do tempo”.

”O tempo corre, o tempo é curto, preciso me apressar; mas ao mesmo tempo viver como se esta minha vida fosse eterna”, poetizou Clarice Lispector.

Da mesma forma, descreveu o poeta Mário Quintana, “nós somos escravos do tempo. Só os poetas, os amantes e os bêbados podem fugir por alguns instantes. Ah, e as crianças. As crianças, simplesmente o ignoram”.

A verdade é que o modelo cultural vigente, em que as pessoas valem o que têm, ou seja, o Ter vale mais que o Ser, estamos sempre com pressa, correndo entre um lugar e outro, um compromisso e outro, ocupados com a agenda lotada de compromissos. E, ao que parece, quanto maior a cidade em que as pessoas vivem, maior é a pressa e a inquietude destas. Neste frenesi, diz-se que a cidade não dorme, e, consequentemente, os seus moradores não param.

Tudo isto está na contramão da boa qualidade de vida. O organismo humano não está programado para suportar por muito tempo esta sobrecarga física e emocional às quais é submetido rotineiramente. Por conseguinte, muitos indivíduos recorrem às substâncias psicoativas com o objetivo de conseguirem permanecer acordados e alertas. E tal comportamento representa um grande mal à saúde física e mental.

É importante que todos se conscientizem da necessidade de pausas nessas “correrias”. Que aprendam a criar e a aproveitar os momentos de ócio. Concordo que, por vezes, é inevitável acelerar ou prolongar as atividades diárias do trabalho, mas também deve existir o tempo de desacelerar, de descansar o corpo e a mente.

Esta cultura da pressa que domina a sociedade contemporânea tem induzido muitas pessoas a considerarem o tempo dedicado às pequenas coisas ou atitudes simples, como por exemplo, ler um livro, encontrar com amigos para tomar um café, saborear uma comida sem olhar o relógio ou as mensagens no celular, dormir sem se preocupar com a hora de acordar, cuidar da saúde, ou simplesmente não fazer nada, como desperdício de tempo.  Mas não é. Estes momentos de lazer e descanso ou mesmo ócio são de suma importância para a saúde física e mental/emocional de todos os seres humanos. Mesmo que trais atividades não agreguem nada ao currículo ou ao ganho financeiro, estas serão úteis na construção e ou preservação do bem viver.

Esse modelo cultural e estilo de vida da sociedade dita moderna tem direcionado a população para o hedonismo e o narcisismo. O prazer a qualquer custo e as aparências, para muitas pessoas, valem mais que o bem estar do seu próprio eu. Portanto, faz-se necessária uma mudança de comportamento, atitude esta, que deverá começar com a modificação de pequenos hábitos como, por exemplo, não ficar postando fotos sobre tudo que está fazendo para tentar demonstrar para as outras pessoas que tem poder financeiro, que é feliz, capaz etc.

Assim sendo, seguem algumas sugestões para reflexão, extraídas de vários estudos psicológicos que visam auxiliar às pessoas a quebrarem esse círculo vicioso e prejudicial da pressa desnecessária: 1- Pare e analise com honestidade, se realmente a vida corrida que você está levando é realmente necessária, ou se age desta forma porque muitos ao seu redor assim se comportam, e isto de certa forma, te influencia. O seu eu é assim mesmo, ou está agindo dessa maneira porque se compara com outros colegas ao seu redor e se autocobra por ter a mesma idade, mas não os mesmos bens materiais? Questione-se sempre sobre quais são as suas prioridades de vida, e se a rotina que está adotando atende essas prioridades ou se está apenas te esmagando; 2 – Tente se desocupar, permanecer muito ocupado nem sempre significa estar produtivo. Observe sua maneira de agir e tente usar uma forma mais inteligente e menos braçal de obter resultados – otimize sua tática de trabalho. Às vezes basta aprender a dizer “não” para o que não quer, e “sim” para aquilo que realmente quer; 3 – Aprenda a delegar tarefas – muitas vezes as pessoas não terceirizam suas tarefas por acreditarem que ninguém fará aquela atividade de forma tão excelente quanto elas. Isto é mito; 4 – Organize seu cotidiano com base nas prioridades. Primeiro cuide de você, das suas necessidades básicas, como: comer adequadamente, beber água na quantidade certa, ir o banheiro etc. Elimine aquilo que apenas rouba seu tempo e sua energia, como algum vício ou hábito que em nada contribui para a saúde e bem estar.

Em resumo, comece com uma autoanálise, faça um inventário daquelas atividades e formas de agir que realmente são importantes para você e que te dão satisfação; aprenda a delegar tarefas, sabendo que as pessoas pensam e executam tais ações de maneira diferente de você, mas isso não significa que o resultado final será de qualidade ou quantidade inferior; encoraje-se a dizer “não” quando esta for a sua vontade, isto não afastará as pessoas de você. Para tanto, faça isso com educação e justifique o porquê da sua resposta. Por fim, não esqueça que, “o que se leva dessa vida, é a vida que se leva”.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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