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Jornalista paraibano, sertanejo que migrou para a capital em 1975. Começou a carreira  no final da década de 70 escrevendo no Jornal O Norte, depois O Momento e Correio da Paraíba. Trabalha da redação de comunicação do TJPB e mantém uma coluna aos domingos no jornal A União. Vive cercado de livros, filmes e discos. É casado com a chef Francis Córdula e pai de Vítor. E-mail: [email protected]

Assobulário

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publicado em 03/12/2024 ás 07h00
atualizado em 03/12/2024 ás 10h04

Tem dia para tirar roupa da máquina, estender no varal; outro dia lavar e enxugar a louça,  arear as panelas e  fazer delas um espelho e com um agrado que se faça, uma samambaia ressuscita. Mas tem gente demais ouvindo áudio e assistindo vídeo com volume alto em público.

Terça é dia de cuidar das coisas vivas. Domingo fui a cidade procurar as coisas mortas,  Ruas Santo Elias, Santos Dumont e Monsenhor Walfredo Leal.

Não vi o progresso, nem senti saudade de mim. O que eu fiz com a minha história? Para ser sincero, 6 sabem quanto tá o dólar?

Não fiz o que as pessoas fazem o tempo todo: contar histórias, recontá-las, congelá-las no tempo,  se repetir  ou tentar entendê-las, mas isso é muito banal.

O mundo precisa de amor e justiça, mas do jeito está é melhor pegar o caminho que vai dar no sol.

Vi na cidade que a história não se repete, ela foi destruída, apagada, e não sabemos mais o que é o quê.

A necessidade, a formação de uma amizade da vida toda, é uma construção delicada. Às vezes, vira ruínas. Viver perto demais é vestigial quanto a ambição vazia que faz uma pessoa querer escalar na frente da outra. Escalar ou passar na frente?

O que motiva o afeto, penso, não apenas o desejo de provar a si mesmo, do que é capaz e ao maior número de pessoas, que somos bacanas, que poderemos fazer coisas que ninguém, ou quase ninguém faria, tipo: olá, como vai, está precisando de alguma coisa?

Há algo de anti-história em cada história, onde a força que impulsiona o narrador (ou, pelo menos, o compromisso com o que se diz) é desafiado por uma deriva que pode retardar, e talvez até reverter, mas a abordagem amorosa é necessária.

Uma história não é só uma, e uma só não soma, fica cada vez mais impulsiva sobre o que realmente acontece, aconteceu, está acontecendo ou não vai mais se repetir. Quando o ciclo se fecha é porque já estamos entrando numas. E o que isso significa e como funciona lembrar? Este sentimento não precisa da grande esperança, vem também uma falta de esperança, o que é normal. E o que é normal?

Fui a cidade e não vi ninguém, era domingo, dia de missa, dia besta.

Kapetadas

1 –  O oposto da vida não é a morte, é a fila pra morrer.

2 – Se a economia influencia os costumes, o casamento é um investimento de alto risco, com dividendos incertos e altas despesas fixas.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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