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José Nunes da Costa nasceu em 17 de março de 1954, em Serraria-PB, filho de José Pedro da Costa e Angélica Nunes da Costa. Diácono, jornalista, cronista, poeta e romancista, integra a Academia Paraibana de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, a União Brasileira de Escritores-Paraíba e a Associação Paraibana de Imprensa. Tem vários livros publicados. Escreveu biografias de personalidades políticas, culturais e religiosas da Paraíba.

Santa Rosa  

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publicado em 04/12/2024 ás 07h00
atualizado em 03/12/2024 ás 17h22
 
         José Nunes
 
 
         O menino que perambulava pela Rua da Areia, escutando o vento rodopiando pelas silenciosas artérias urbanas da cidade baixa, a cidade como um aglomerado de casas que parecia um sítio, partindo do Rio Sanhauá para se perder logo depois da Lagoa, para as bandas de Tambiá, com um tira de residência em direção da Rua das Trincheiras e arredores. Tomás Santa Rosa carregava na pele os resquícios dos ancestrais africanos e não tinha a aparência dos lordes que frequentavam as melhores escolas.
         Supomos que a partir dos rabiscos com carvão pelas paredes ou risco graveto na areia da rua, o menino prodígio recolheu os ensinamentos provenientes da sabedoria edificada nos albores da natureza. Cedo, em idade de poucos anos e conhecimentos limitados, desenhou as bandeiras dos países aliados ao Brasil no fim a I Guerra Mundial, chamando a atenção do presidente Camilo de Holanda, que recolheu o menino ao seu abraço. No começo do século passado os governantes sentiam o cheiro do povo. Não foi estudar na Europa às custas do governo da Paraíba, a exemplo do que fez Dom Pedro II com Pedro Américo, porque sua mãe não consentiu se afastar do filho porque este estava com pouco mais de dez anos.
         Adolescente, foi morar no Rio de Janeiro onde, sem demora, angariou leque de admiradores, a pintura e o desenho abriram as portas da Capital do País, à época, o centro do pensamento brasileiro, onde as artes e os livros ganhavam conotação de metrópoles europeia. A cidade ainda respirava Machado de Assis, os conhecimentos de Sílvio Romero, louvava a ferver do tribuno Rui Barbosa e expunha a bonança do café com leite, e da cana-de-açúcar.
         Com pouco mais de vinte anos de idade, dando asas à imaginação, ilustrou e preparou a capa de um catatau de livros, obras literárias de grande revelo que davam novo rumo à literatura brasileira, no embalo da Semana de Arte Moderna. Ilustrou os romances de José Lins do Rego, de Jorge Amado, de Graciliano Ramos, de José Américo de Almeida, Mário de Andrade, Raquel de Queiroz e depois, já no rastro de fama, emprestou sua pena para compor capas de livros de Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa, e tanto outros que tiveram sua parceria para maior brilho de suas produções artísticas. Inclusive, levando ao teatro sua criatividade, produziu importantes cenários. Vale destacar, “Vestido de Noiva”, a espetacular peça de Nelson Rodrigues. Em 1954m foi responsável pela ornamentação do Carnaval do Rio de Janeiro.
         Sua arte espalhou-se pelo Rio de Janeiro, conquistando espaços nos terreiros da cultura e das artes, Tomas Santa Rosa, um artista prolifero, foi considerado o “pai do livro moderno” devido suas facetas em fazer capas e ilustrações primorosas. Pintor, ilustrador, designer, cenógrafo, professor, decorador e figurinista, honrou a terra onde nasceu. Com tantos atributos, na Paraíba é pouco reverenciado.
         Observando suas telas e desenhos, centenas capas dos livros, logo observa-se o talento revelador de conhecimentos, porque, para “ele, a pintura não era um processo venal de iludir”, como observava José Lins do Rego.
Santa Rosa se tornou parceiro de José Lins desde as primeiras obras publicadas na década de 1930. Lia os originais dos livros do amigo paraibano para produzir as capas e ilustrações, dando ritmo para melhor compreensão aos seus romances: “A vida artística de Santa Rosa está intimamente ligada aos meus romances”, escreveu o autor de “Menino de Engenho”.
         O depoimento de José Lins é revelador, porque aponta que Santa Rosa sempre desejou ser artista: “A segurança de seu traço, o seu gosto de selecionar, a sua força de evocação, deram-lhe um lugar sem competidor entre os melhores do seu tempo”.
         Pelas palavras do conterrâneo, Santa Rosa era um homem sem ganância, uma figura humana que se entregava por inteiro em sua obra. Uma criatura que nunca se atritou com ninguém. Andava sem provocar ruídos, como se pisasse em algodão. “Foi um amigo, deste que se encontram raramente para nos convencer da grandeza humana”.
         Este homem que elevou o nome da Paraíba no cenário artístico-cultural, não mereceu de seus patrícios uma homenagem perpétua, uma estátua do tamanho de sua obra.
         PS.: Tomas Santa Rosa nasceu na Parahyba (antiga Capital da Paraíba), a 20 de setembro de 1909 e faleceu em Nova Délhi (Índia), em 29 de novembro de 1956.

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