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Um comportamento aparentemente inofensivo, o ato de tomar remédio sem orientação do profissional de saúde que está habilitado a fazer tal indicação medicamentosa, pode causar sérias complicações, além de mascarar sintomas, dificultando e retardando o diagnóstico de doenças graves, e de provocar dependência química, é o que afirmam os especialistas nesta temática.
A automedicação no Brasil é considerada uma mania nacional, praticada por grande parte da população. Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Farmacêuticos revelou que cerca de 75% dos brasileiros tomam remédio por conta própria.
O acesso fácil aos medicamentos, especialmente com o advento da internet, a propaganda sem obediência aos critérios adequados, a conhecida “empurroterapia” dos balconistas das farmácias, e a dificuldade em conseguir atendimento ágil no sistema de saúde, entre outros motivos, faz com que tal prática indevida tenha se tornado cada vez mais comum no país. Desta forma, muitas pessoas seguem mais facilmente os conselhos da vizinha ou amigos do que a orientação do médico, é o que informam alguns profissionais de saúde.
Segundo George Washington Bezerra Cunha, consultor da Organização Mundial de Saúde e do Instituto do Coração – Incor, “os riscos e consequências da automedicação e do uso indiscriminado de medicamentos podem levar ao autodiagnostico incorreto, interações medicamentosas perigosas, erros comuns tanto da administração, quanto na dosagem e na escolha incorreta da terapia, intoxicações, efeitos colaterais e interferências da ação de um medicamento sobre a de outro, sobrecarga sobre o estômago e o fígado com substâncias químicas, dependência química, além de ser um exemplo negativo e fonte de imitação para crianças e pessoas do convívio do paciente.
Para se ter uma ideia da extensão deste problema, vejamos os dados de uma pesquisa realizada pelo ICTQ, Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação, em relação às recomendações informais de medicamentos por pessoas não habilitadas, como familiares, amigos, vizinhos etc. no Brasil: familiares 68%, vizinhos 41%, amigos 27%, e as recomendações dos balconistas de farmácia aproximadamente 48%, ou seja, os principais prescritores de medicamentosas são indivíduos que não possuem domínio a cerca do tema.
Outro aspecto que certamente contribui para a automedicação é que a Indústria farmacêutica está intrinsecamente relacionada com a comercialização de doses fracionadas, o que leva a sobras de medicamentos e estocagem das sobras, o que geralmente culmina na reutilização, caso ocorra repetição e similaridade dos sintomas apresentados anteriormente.
Portanto, faz-se necessário que o poder público exerça uma fiscalização mais efetiva em relação a esta venda indiscriminada de medicamentos por parte das farmácias e drogarias, bem como pela internet, em parceria com os conselhos dos profissionais da área de saúde e que promova campanhas educativas informativas pelos diversos meios de comunicação, inclusive redes sociais, visando esclarecer a população das consequências da automedicação e, consequentemente, minimize este grave problema vigente do país.
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ACORDO - 30/01/2025