João Pessoa, 15 de dezembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Se já era difícil, cada dia piora. É como morrer de aperreio. A designação é demasiado extensa, pessoas que condenam outras sem conhecê-las, como quem a pretender camuflar uma irrealidade indesmentível. Não tem cura.
Somos perfeitamente imperfeitos e inadmissíveis em nossos julgamentos, em sociedades que ainda se “dizem civilizadas” e é de todo inaceitável e incompreensível nos relacionamentos, que devem ou deveriam prevalecer entre seres humanos.
Violência solta no dizer horrores uns com outros esbarra na necessidade de uma legislação na rede mundial de computadores e se há, não sei se funciona ou já é tarde demais.
Nomeadamente nossa, a palavra escrita tem por estabelecer uma confusão chamada viralizar em determinados casos, e são muitos. A moça do avião não quis trocar de lugar com a criança e estava certa, mas a imagem dela foi jogada no vácuo, com a irresponsabilidade de quem fez a postagem. Sim, eu sou careta, sei ser careta.
Condenamos a segregação pela diferença da raça e isso já vai longe, e certamente, nunca veremos o galo cantar outra vez no quintal mundial, o velho quintal, o velho sinal vermelho, e não respeitamos a religião do outro, somos a simpatia do clube que torce contra. Alguém aí há de pensar – estou lendo um texto de Kubitschek Pinheiro? Tantas, tantas coisas de nós humanos.
Outro dia fui entrevistado no programa “E Com Vocês” da Rádio Parahyba FM 103.9 pelo jornalista Alex Carvalho (que vai ao ar em janeiro) e falei tudo que me vinha a cabeça, mas consciente do que estava afirmando. Nem tudo é delírio. O repórter me perguntou sobre uma frase minha, em que eu digo noutra entrevista, que sou conservador e politicamente incorreto – confirmei, mas a frase não me coloca no lugar de nenhum julgamento.
No entardecer do envelhecer e não adianta olhar para trás, porque envelhecer é uma coisa boa e cruel, a gente cede menos, finca o ponto de vista, mas abrir mão e focar na fé, não resolve muita coisa. Mesmo nesse aparato magnânimo e, talvez, seja a curva que nos coloca no cara a cara. Ou cara do que já foi?
Minha amiga L falou que eu não tenho idade para permitir ou viver fazendo coisas para agradar os outros, coisas que eu não gostaria de fazer, e ela tem razão, está certa. Sabe-se desde logo que essa ligação com o eterno ou o jeitinho de ontem não é para sempre.
Finalmente, depois de sermos contra todas as formas de segregação, de as criticarmos em privado e em público, de participarmos em rodas de conversas sobre assuntos diversos, de empurrarmos com a barriga dísticos alusivos em manifestações mentirosas, depois de tanto e tão convicto empenhamento, que fazemos, somos só replicantes.
Valentes e ousados, botando a cara pra ver, da nossa estatura mais elevada e mais musculosa, espancamo-nos quando fazemos julgamentos na internet e permitimos que no nosso meio outros continuem a fazê-lo. Onde andará Lana-caprina, Lenilson Guedes?
O que vou postar hoje? Tenho mais de cem mil seguidores, mas não preciso ser repetido e postar muito, continuadamente, insistir sem que esteja em falta sobre nenhuma coisa.
O núcleo tradicional e pouco criativo, já foi. Os poemas concretos dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos, não falam necessariamente de ou sobre a coisa, mas da linguagem da percepção e da sensibilidade, utilizando técnicas visuais. Lembram de Décio Pignatari (foto)? Ele dizia que não há mais tempo para textos, só para títulos. Textítulos, textículos.
Como cidadão, mais do que incomodado e desconfortável por saber que isso acontece e não vai parar, devo simplesmente me envergonhar pela indignidade de seres ou não seres.
Kapetadas
1 – Só há uma coisa mais falsa que o sorriso de um influencer: suas recomendações.
2 – Para quem é de Humanas, os cálculos são uma má temática.
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