João Pessoa, 20 de dezembro de 2024 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Que vazio existia dentro dele? Que tristeza habitava o seu espírito? Que revolta o envolvia em suas procuras cotidianas? Que tempo ele possuía para ser possuído pela morte, assim tão jovem? Ou isso não importava?
O vazio nunca habitou sua vivência. Lindonjohnson era impulso para a vida. Nem tristeza nem a revolta turbavam a sua voz. O seu tempo seria curto, talvez ele soubesse, por isso apossou-se do destino e nele montou as suas dores não compreendidas.
As vozes do destino rondavam a sua cabeça e sua cabeça irrequieta circulava pelas veredas e estradas de Uiraúna, Sítio Saco e Santarém em busca de um sentido. Que sentido?
Mas o que fazer quando o não-sentido não se mostra transparente? Ah, se as dúvidas da vida se dissipassem em claro riso, tanto quanto transparentes eram as gargalhadas do menino…
Lindonjohnson era um menino. Seu ímpeto e sua opulência vocabular; seu desapego pelos cuidados com a vida. A vida que queria compor em seus quereres nem sempre lógicos. Nem todas as pessoas precisam saber que a vida pode ser ponto ou reticências. Para Lindonjohnson isso não importava. Ele sempre desejou escrever um livro sobre o nada.
A vida, todos sabem, é como o pulsar do coração de um passarinho agonizante. A vida de Lindonjohnson sempre pulsou intensidade, talvez como o riacho Caititu em dias de suas cheias. E o menino, dentre dele, saltitava em busca da garapa de cana de açúcar, no engenho de Chico Árabe.
Lindonjonson, um menino inteligente, irreverente, ousado, ouriçado, impertinente, uma reta estendida no tempo que lhe deturpava a forma em ondas irrequietas, aclives e declives, essas incompreensões da vida. Lindonjonhsom, meu primo, tu eras uma voluptuosa corrente d’água e a vida para ti, um rio magrinho, ainda que fosse o maluvido riacho Pé de Serra.
Há pessoas que são como os redemoinhos, voluptuosos e encantados como todas as ilusões. Você também viveu as suas, mas não só isso. Quantos de nós não vivemos em ilusão? Vá para os braços do infinito, o nosso Deus. Aqui, os que ficaram, choram a sua partida. Padrinho Expedito, minha comadre Socorro, Lucia, sua esposa, sua filha Ana. Seus irmãos e seus amigos. Nunca iremos compreender os desígnios que se plantam em nossas vidas.
De qualquer forma, aquietemos o coração. “Na vida ninguém perde nada! Só migramos.” Foi você mesmo quem escreveu esta frase no facebook. Meu amigo Lindonjonson, há quem só queira conhecer o “Tudo”, mas dentre “Dele”, o “Nada” palpita os seus mistérios. Agora é a vez da mais autêntica liberdade!
@Francisco Leite
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