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Graduada em direito e pós graduada em direito criminal e família, membro da academia de letras e artes de Goiás, tenho uma paixão pela escrita Acredito no poder das palavras para transformar realidades e conectar pessoas

Natal de minha infância

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publicado em 24/12/2024 ás 10h07
atualizado em 24/12/2024 ás 10h09

O Natal, essa época mágica que deveria ser repleta de alegria e amor, muitas vezes se transforma em um espetáculo superficial ou quase sempre. Ao longo dos anos, a essência desta celebração foi distorcida, transformando-se em uma festa comercial que pouco tem a ver com o verdadeiro espírito natalino. Quando éramos crianças, alimentávamo-nos de sonhos e esperanças; a inocência nos fazia acreditar que o Natal era um momento de união e generosidade. No entanto, ao crescer, essa visão se esvaiu, dando lugar à frustração diante da realidade. O mundo é a própria manifestação dessa mudança.

Lembro do Natal da minha infância: a missa à meia-noite, um ritual sagrado; corações pulsando em um canto elevado. As vozes se levantavam nas canções de louvor, celebrando o Menino, o eterno Salvador. Um presépio humilde, feito com palha e amor, refletia o brilho nos olhos das crianças. Após a missa, íamos dormir com a expectativa inocente de que o Papai Noel traria presentes, sonhando com as surpresas que nos aguardavam ao acordar.

A festa que deveria ser um símbolo de fraternidade muitas vezes se torna uma lembrança dolorosa para aqueles que não têm acesso aos mesmos privilégios. A desigualdade se torna evidente nas mesas fartas e nos presentes empilhados, enquanto muitos ainda lutam para ter o básico. O verdadeiro Natal não é sobre presentes ou ostentação; é sobre amor e compaixão. É hora de resgatar a essência dessa celebração e lembrar que a alegria deve ser um direito de todos.

Mas houve um Natal que trouxe sombra e dor: uma tragédia inesperada que calou meu amor. Após a ceia festiva, meu pai se despediu; foi dormir em paz e nunca mais acordou. Foi triste, mas sua imagem não sai do meu pensamento.

Que possamos sonhar com um Natal diferente, onde a solidariedade prevaleça e as barreiras sociais se dissolvam. Um Natal onde cada coração possa sentir a verdadeira alegria da data, sem distinções. Se isso é uma utopia, que sejamos loucos o suficiente para acreditar na possibilidade desse renascimento.

A alegria se esvaiu na noite silenciosa; o riso das crianças virou uma prosa dolorosa. Todos os anos se multiplam as cartas de crianças carentes. A mesa adornada agora parece vazia, e as luzes que brilham não trazem mais aquela  alegria.

Lembro dos costumes que aqueciam a alma, mas aquela noite trouxe uma tristeza que não acalma. Os risos se tornaram murmúrios na memória, e o amor que antes nos unia, agora traz só a memória.

Que um dia possamos viver o Natal que sempre desejamos ter,  na mais singela chegada do menino Jesus.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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