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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Talvez

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publicado em 27/12/2024 ás 07h00
atualizado em 26/12/2024 ás 20h24

Talvez, amanhã não haja sol. Nem manhã também. Por isso pergunto: por que compramos os guarda-chuvas?

Talvez, os guarda-chuva estejam rasgados, mas ainda assim deitamos nossas cabeças nos travesseiros, absortos em nós mesmos, encalacrados com a vida.

Talvez os travesseiros não existam. Sejam as calçadas, os viadutos, a terra batida quem suportam as cabeças da miséria alheia.

Talvez a miséria não exista na lógica do Deus-mercado, que, ávido por suor e sangue, constrói a lógica que quiser.

Talvez a lógica não exista. Seja apenas uma invencionice de um sistema autossustentado pelos seus interesses mais mesquinhos, os caprichos do dinheiro.

Talvez o dinheiro não exista. Fique, como um ás de trunfo, bolando de uma mão para outro de um mesmo sujeito, que brinca de faz de conta com as cabras-cegas.

Talvez as cabras cegas não sejam cegas. Apenas estejam encantadas com as lorotas bem contadas.

Talvez Deus seja o dono do mercado, o que é um problema enorme para a Filosofia. Ou não exista, um problema maior ainda para os humanos e suas esperanças na eternidade.

Talvez Deus seja um humano com qualidades singulares: onipresença, justiça, santidade, misericórdia, onisciência, amor, sabedoria, verdade, um robô de barbas brancas ou uma IA já adolescente.

Qual seria o nome dessa IA?  Talvez, por essas questões das possibilidades estatísticas e estéticas, por essas redundâncias da vida ou da morte, o seu nome social seja algo bem comum. Qual será?

E se Deus for uma formiguinha super poderosa? Um elefante? Importa? Não para Jandira. Se o Sol nascer ou morrer, Jandira não precisa casar. Casar-se, logo em um dia em que a noite não acabou? Não seria melhor tomar banho na chuva?

Talvez. Se Jandira aparecer, chegará em um vestido invisível, bordado à mão. Se a mãe dela pedir proteção para alguma estrela, que chegue candente, mas não tão veloz. É preciso apreciar, colher os frutos antes que uma bala perdida mate o menino dentro dela. Da mãe ou de Jandira? Talvez…

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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