João Pessoa, 05 de outubro de 2011 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
O rompimento político do deputado Trócolli Júnior é apenas a ponta do iceberg, derretido lentamente, no oceano do PMDB, desde o naufrágio do ex-governador José Maranhão em 2010. O que Trócolli externou ontem é o que muitos peemedebistas gostariam de publicizar, mas silenciam por medo, travestido de respeito.
O insucesso eleitoral passado fragilizou a legenda. No poder, ou na perspectiva dele, o partido conseguiu segurar as insatisfações localizadas. Fora do Palácio, já não há tanta paciência e comedimento na contenção das mágoas e discordâncias de rumos.
A chamada nova geração do PMDB se sente amarrada, atada e tolhida pelo excesso de centralização e insuperável vaidade de Maranhão e seus mais próximos seguidores. O ex-governador contraria toda a lógica e insiste em se manter no comando político do grupo, relegando os quadros promissores ao segundo plano.
O grito de libertação de Trócolli deve acender uma luz de alerta ao PMDB. Está na hora de Maranhão perceber que cumpriu um importante papel, mas que a natureza das coisas também caminha para oxigenação e renovação, antes que o partido se resuma a uma sigla formada por velhos donatários regionais capitaneados por um “senhor”.
Não é de se desprezar a perda declarada de três deputados em tão curto espaço de tempo. A debandada informal de Wilson Braga e Doda de Tião, votos abertos nas matérias do Governo, e a deserção oficial de Trócolli, indicam a necessidade do partido ser repensado, caso não queira em breve carregar a pecha de superado.
Chateado –
O deputado Gervásio Filho também acumula contrariedades e dissabores dentro do PMDB. Esperava merecer melhor tratamento pelo histórico de luta no partido.
Enquadramento –
A executiva do PPS fechou questão pela aprovação da MP do Trauma. A resolução prevê punição aos dissidentes da orientação. Recado para Janduhy Carneiro?
Desabafo e recados de despedida –
O deputado Trócolli Júnior confessou ter passado quatro dias sem dormir, antes de tomar sua decisão final de abandonar o PMDB, depois de oito anos de militância empunhando a bandeira maranhista. “Eu e Gervasinho fizemos muito pelo PMDB na Oposição ao Governo Cássio, enquanto outros faziam corpo mole”.
Desprezo partidário –
Trócolli reclamou da falta de entusiasmo da direção estadual do partido com sua pré-candidatura em Cabedelo, onde o diretório municipal ignorava sua pretensão. “Só queria que o PMDB fizesse por mim a metade do que eu fiz pelo partido”.
Fase de readaptação –
Em que pese o total afinamento do PSD com o bloco do Governo, Trócolli ainda costura o discurso da transição e evita dizer categoricamente que será deputado governista. “Eu vou votar nas matérias de acordo com minha consciência”.
Triangulação –
Trócolli leva a sério o projeto Cabedelo. Ontem, almoçou com os deputados Anísio Maia (PT) e Aníbal Marcolino, no Sal e Brasa, para discutir parcerias.
Contido –
Em contato com a coluna, o prefeito Veneziano Vital (PMDB) lamentou a perda de Trócolli, mas evitou tecer maiores comentários da adesão do ex-aliado.
Troca –
Já o deputado Raniery Paulino (PMDB) não esperou nem o assunto esfriar e insinuou que a adesão é fisiologista. “Depois é bom a gente ver o Diário Oficial”.
Tiroteio –
O bélico deputado Tião Gomes (PSL) não agüentou a provocação calado e mandou brasa: “Isso é desespero da Oposição. Eles não podem perder nenhuma”.
Protesto –
Esperava-se maior contingente na manifestação organizada pelo Fórum dos Servidores Públicos Estaduais. As entidades reclamam de falta de diálogo do Governo.
Prato do dia –
O Portal MaisPB flagrou o deputado João Gonçalves (PSDB) tomando café da manhã na casa de Rômulo Gouveia. Comeram tucano frito com óleo kassábico.
Luxo e lixo –
Dizem que aquele juiz pede prova$ robusta$ aos prefeitos em apuros, alegando a imperiosa necessidade de bancar os gastos da mulher com shopping.
Na ativa –
Nova diretora de Comunicação e Marketing da Unimed-JP, Lena Guimarães assume a espinhosa tarefa de evitar a iminente derrota de Aucélio Gusmão.
Maioria –
O líder do Governo, Hervázio Bezerra (PSDB), prevê aprovação com folga da MP do Trauma na sessão de hoje na Assembléia. “Teremos votos suficientes”.
Bateu na trave –
O interventor Rodrigo Elói ganhou a parada e foi nomeado para o Ibama da Paraíba. Indicado pelo PT, Antônio Barbosa ficou só no meio, sem o ambiente.
PINGO QUENTE – “Não faço ‘trabalho’. Sou cristão e não vivo fazendo o mal”. Do advogado e suplente Hiltinho Souto Maior (PRP) sobre a insinuação do vereador Felipe Leitão (PRP), que acusa “trabalho” nos bastidores da Justiça pela sua cassação.
*Reprodução do Jornal Correio da Paraíba
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OPINIÃO - 22/11/2024