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Mart’nália lança novo projeto com Martinho da Vila, Caetano e Luísa Sonza

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publicado em 28/12/2024 ás 12h02
atualizado em 28/12/2024 ás 12h03

Kubitschek Pinheiro

Fotos – Nil Caniné

A novidade é que o novo disco da cantora Mart’nália – ´Pagode da Mart’nália´ a artista revisita 12 clássicos do pagode que fizeram sucesso nos anos 1990. O disco, já disponível nas plataformas digitais, é o primeiro da cantora sob o seu novo contrato com a Sony Music.

Mart’nália fecha o ano com o lançamento do primeiro álbum de pagode. A ideia do disco Pagode da Mart’nália surgiu depois que Márcia Alvarez, sua empresária há mais de 20 anos, sonhou com a filha de Martinho da Vila cantando ´Recado à Minha Amada´, do Katinguelê. Sonho bom.

Quando o termo “pagode” ganhou força na indústria fonográfica no início dos anos 1990, Mart’nália havia lançado apenas um disco, em vinil, em 1987, que levava seu nome. Na época, ela era backing vocal para o pai, Martinho da Vila, e se destacava demais, mais que demais.

No 15º álbum, a cantora carioca, ela canta – e, em certa medida, subverte – sucessos de bandas como Só pra Contrariar, Raça Negra, Molejo, Katinguelê, Exaltasamba, Grupo Raça, Soweto, Art Popular e Grupo Revelação.


Muito ligada à MPB, ao samba e à black music, ela dá uma interpretação diferente a pagodes como ´Essa Tal Liberdade´, do “Só pra Contrariar”, que encerra o álbum apenas com voz e piano.

Ela não se identifica com o romantismo exacerbado do pagode e nunca foi de ouvir músicas do gênero para lidar com dor de cotovelo. “Sofro já beijando outra.” Com 12 faixas, o disco tem participações de Caetano Veloso, Luísa Sonza e Luiz Otávio.

O álbum contou com uma banda espetacular, tendo Claudio Jorge nos violões, André Siqueira na percussão e Theo Zagrae na bateria. Jamil Joanes, Ivan Machado, Alexandre Katatau e Romulo Gomes se revezaram nos baixos; Dadi e Julio Raposo se dividem nas guitarras. O próprio Luiz Otávio faz todos os teclados, com destaque ao número de voz e piano em “Essa Tal Liberdade”, em participação especial. Fred Camacho tocou o banjo em “Clínica Geral” e é de Hudson Santos o violão que seu ouve em “Recado à Minha Amada”. Os backing vocais são de Ronaldo Barcellos, Luiz Otávio e Mart’nália. As cordas de “Domingo” foram tocadas por Maressa Carneiro, Thiago Teixeira, Fernando Matta Marcos Graça (violinos), Diego Silva (viola) e (violoncelo), em arranjo de Assière e Luiz Otávio.

Mart’nália conversou com o MaisPB sobre tudo ou quase – confere aí a nossa estrela da última entrevista nacional de 2024

MaisPB – Depois do disco cantando Vinicius de Moraes você fecha 2024 com esse álbum, o primeiro com clássicos do pagode. Bora começar por aqui?

Mart’nália – Olha, eu gosto dessa mistura. Há duzentos anos que eu trabalho com a Marcinha Alvarez, (há 23 anos), ela sonhou com isso e eu só pedi que me convencesse e deu certo, estou adorando cantar esses pagodes.

MaisPB – Mas ficou uma beleza. Tem uns que a Alcione gravou…

Mart’nália – Eu gosto de desafios, a sonoridade ficou muito boa, que nem fiz com Vinicius de Moraes, as músicas que coubessem e eu me sentisse bem de cantar. Eu não gosto de nada forçado. Os arranjos de Luiz Otávio, que é meu amigo, deficiente visual e trabalha comigo há três anos. Chegamos junto com Marcus Preto.

MaisPB – O Marcus Preto é genial, né?

Mart’nália – É, adoro ele.

MaisPB – A canção “Clínica Geral” é o máximo…

Mart’nália – É sim. É do Molejão, música boa, viu? Eu quis homenagear o Anderson (Leonardo) Isso é coisa de querer misturar todos os públicos. O meu público é das antigas e muitos jovens também. E tem essa galera de agora, que não conheceu o pagode

MaisPB – O pagode vem antes do samba…

Mart’nália – Esses que gravei vem dos anos 90, mas pagode é pagode, não tem explicação. O Molejo tinha essa coisa de brincadeira e eu não gosto porque não tem aquela coisa do amor. E eu não gosto daquela coisa de corno.

MaisPB – Você deu outra vida a essas canções?

Mart’nália – Que legal, que maneiro. Desde sempre eu quis cantar tudo, na minha voz, que eu não devo deixar minha voz ficar presa nos rótulos

MaisPB – Mas ninguém tem essa voz da Mart’nália?

Mart’nália – Cada um com a sua, (disse a artista rindo)

MaisPB – Que maravilha você está cantando com a Luíza Sonza…

Mart’nália – Ela tem uma voz potente pra idade e não era nem nascida quando foram lançadas essas músicas. É uma pessoa antenada. Eu a conheci numa festa do Caetano, já faz tem tempinho e ficamos “brother” e a gente sempre se esbarra nos lugares, onde estão os artistas, além de ser uma gostosa. A voz encaixa com qualquer canção. Ela é uma menina que pode cantar tudo. Eu queria que a juventude também ouvisse o pagode na voz dela.

MaisPB – E tem clipe, né?

Mart’nália – Sim, nós duas dançando e cantando, uma maravilha, gata, gata. E tem personalidade

MaisPB – Bacana você cantando “O Teu Chamego” com seu pai

Mart’nália – É verdade. Quando eu comecei a fazer o repertório, logo pensei nele. Essa música é nossa cara, coisa de pai e filho – Ele é maravilhoso. Parece uma canção dele.

MaisPB – A faixa ´Domingo´ que você canta com Caetano, ficou muito legal, mais sofisticada , né?

Mart’nália – Rapaz, o arranjo de cordas do Itamar Assière ficou demais, com quem já venho trabalhando. Ele já trabalhou com meu pai, super pianista. Foi a música que a gente escolheu para chamar o Caetano.

MaisPB – Ficou lindo, Caetano é tudo, o que cantar fica bonito, né?

Mart’nália – É isso mesmo. Adoro Caetano. Eu sou grudada nele e na Paulinha – a família toda, as crianças e ficou lindo na voz dele.

MaisPB – Vai sair pelo Brasil cantando este disco, em 2025?

Mart’nália – Vou sim, Mart’nália no pagode, claro que vou misturar outras canções – no disco são apenas 12 músicas – A minha função é cantar, divertir a galera, para que ela saía leve e contente.

MaisPB – Ficaram alguns pagodes de fora?

Mart’nália – Vários.

MaisPB – Tem muita gente boa nesse disco, né Mart’nália?

Mart’nália – Tem muita gente boa – a galera, na verdade, já tocava comigo nessa época. Eu quis trazer também o pessoal que toca comigo, minha banda.

MaisPB – A capa do disco é um achado…

Mart’nália – Foi meu amigo Vik Muniz quem fez, é um gênio.

MaisPB – Vem cantar em João Pessoa, vem?

Mart’nália – Vou demais, a terra que o sol nasce mais cedo. Eu adoro João Pessoa.

MaisPB – Como Mart’nália tem visto essa violência contra mulheres brasileiras?

Mart’nália – Tá brabo, tá horroroso, com certeza isso já acontecia há muito tempo, mas agora, com a Internet mostra tudo. Esses caras tem que se lascar. Homem não gosta de mulher, mesmo, né? Um ódio grande, por isso que é legal gravar o amor, Vinicius, o pagode romântico. Em lugar do Brasil, os homens matam as mulheres – mulher não mata homem…

Mart’nália- Ultimamente você anda menos ligada nas sociais?

Mart’nália – Tá tão chato né? Eu estou usando mais para meu trabalho – e tem aquele monte de robô para se meter na vida dos outros. É fantástico, as informações estão ali, mas toma muito o tempo da gente, e as pessoas estão muito chatas.

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