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Francisco Leite Duarte é Advogado tributarista, Auditor-fiscal da Receita Federal (aposentado), Professor de Direito Tributário e Administrativo na Universidade Estadual da Paraíba, Mestre em Direito econômico, Doutor em direitos humanos e desenvolvimento e Escritor. Foi Prêmio estadual de educação fiscal ( 2019) e Prêmio Nacional de educação fiscal em 2016 e 2019. Tem várias publicações no Direito Tributário, com destaque para o seu Direito Tributário: Teoria e prática (Revista dos tribunais, já na 4 edição). Na Literatura publicou dois romances “A vovó é louca” e “O Pequeno Davi”. Publicou, igualmente, uma coletânea de contos chamada “Crimes de agosto”, um livro de memórias ( “Os longos olhos da espera”), e dois livros de crônicas: “Nos tempos do capitão” …

Esse incrível ano velho

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publicado em 03/01/2025 ás 08h22

Todos os anos já nascem velhos. E não surgem de repente. Vêm de longe. Diz-se que são feitos de cada escolha que fizermos, se bem que há milhões de pessoas que nunca tiveram a chance de comer. Os degraus das escadas das suas vidas, por mais teratológico que isso possa parecer, só caminham ladeira abaixo.

Para fugir das suas responsabilidades, há quem diga ser coisa do sistema. Os sistemas são os leviatãs dos nossos dias. Seja de quem forem as escolhas das nossas vidas, elas se distribuem pelos caminhos da existência, são muitas e seus acúmulos desembocam no ano novo.

O ano novo é um ancião. Seus abraços e tossidas, suas pegadas, palmadas, encontros, desencontros, agruras, alegrias, erros e acertos. Esses são os tijolinhos que formam os anos novos, todos amalgamados, deslizando pelo tempo, compondo um arremate. Feliz?

Os anos novos são como a praia de Cabo Branco. Não haveria aquele pano alvíssimo deitado em berço cândido, translúcido, quentinho, acoitado pelas ondas, sem que cada grão de areia tivesse dado sua particularidade em nome de uma realidade superior, como goma de tapioca. Nem o Oceano Atlântico existiria sem o acúmulo das moléculas d’agua.

Sim, o ano novo não surge do nada, como os pensamentos intrusivos. Ora, nem as estrelas candentes riscam o céu em movimento sem trajetória. O ano novo é soma. De cada afago, de cada beijo, sacrifício, cafuné. De cada semente lançada ao chão da vida; de cada desafio; da gripe mal curada, da noite bem dormida, da paciência que peneira os males e seleciona a boa safra; da perseverança que incrementa as tentativas; do amor que entorpece a alma e põe a vida a delirar por outras vidas…

Quem quiser tirar a prova dos noves, olhe para o dia 31 de dezembro do ano que passou. Qual tem sido a trajetória da sua vida? Se, hoje, o seu ano já é velho, 2026 já coça o seu nariz. Faça dele um ano novo. Enquanto isso, reme a vida. Ela não é ponto; é reticências. Palavras da “A vovó é louca”.

@professorchicoleite

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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