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É formado em Direito pela UFPB e exerce funções dedicadas à Cultura desde o ano de 1999. Trabalhou com teatro e produção nas diversas áreas da Cultura, tendo realizado trabalhos importantes com nomes bastante conhecidos, tais como, Dercy Golcalves, Maria Bethania, Bibi Ferreira, Gal Costa, Elisa Lucinda, Nelson Sargento, Beth Carvalho, Beth Goulart, Alcione, Maria Gadu, Marina Lima, Angela Maria, Michel Bercovitch, Domingos de Oliveira e Dzi Croquettes. Dedica-se ao projeto “100 Crônicas” tendo publicado 100 Crônicas de Pandemia, em 2020, e lancará em breve seu mais recente título: 100 Crônicas da Segunda Onda.

Éramos seis e o Linho

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publicado em 05/01/2025 ás 10h35
atualizado em 05/01/2025 ás 10h36

Éramos seis e um monte de gente vestida de linho no Reveillon. Tinha muita roupa de tecidos rústicos, de tons que iam do branco ao terroso e ao ferroso. O Linho é um tecido rústico, versátil que ao mesmo tempo em que é sofisticado, é casual e despojado, trazendo conforto e elegância.

Ele tem uma fabricação mais elaborada e demorada devido a ser um produto 100% natural. Sempre achei que o linho era um algodão melhorado, até joguei isso na roda enquanto o dj tocava uma música antiga do Agnaldo Timóteo, ou era o Agnaldo Rayol em algum estilo “house music”. 

Mas essa pureza do linho, acabou… tá muito difícil encontrar um linho puro hoje daquele da marca braspérola. Toda produção vem misturada com elastano, viscose, nylon etc. O que assusta é o percentual, cada um de nós mostrou na festa, a etiqueta da peça e a barbaridade do percentual. Tem vestido que chega a ter míseros 20% de linho. Ficamos perplexos, mas com a cabeça cheia de borbulhas de espumante, o assunto foi ficando para trás e começou um assunto “remo”, remada, canoagem… 

À medida que as borboletinhas desciam estômago abaixo, ficávamos mais fluidos, dançantes, soltos e exaltados, extremamente felizes até o nascer apoteótico do primeiro sol do ano. Chegou a hora de partir. Alguém falou, tenho casa com bebidas na geladeira e um macarrão a ser feito. 

Fomos todos até o apartamento, ligamos o fogão, panela com água à espera da massa. Na geladeira, um espumante já aberto sem muitas bolhas, brinda as primeiras horas do primeiro dia do ano, os seis dão goles generosos na própria garrafa e se dividem em três pares para três partes da casa, as cortinas se fecham, linhos mistos são despidos, cômodos repartidos, as camas rangem enquanto a água seca à espera do macarrão que não chega e o spotify tocava Rayol ou Timóteo no celular para relembrar a festa. Algum abençoado desliga o fogo a tempo, cada corpo, celular e som desfalece, e ao despertar, todos os pares estavam desfeitos no melhor estilo Balman. Éramos três…

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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