João Pessoa, 14 de janeiro de 2025 | --ºC / --ºC Dólar - Euro
Da observação das coisas simples, as mais simples e múltiplas, existiu um homem chamado Júlio Aurélio Moreira Coutinho. Seu nome ficou.
Do raiar ao olhar, ele se multiplicava e isso era notório ou foi percebido por muitos que o conheciam – a família, nem se fala.
Do amor com Beta, algo além, verdadeiro, que cresceu junto da árvore da vida e juntos engendraram os filhos Eduardo, Francisco e Fred Coutinho.
Trazido ao mundo no século passado, no fluxo onde tudo se entrelaçou – até os ossos, o desembargador Júlio nasceu para muitas missões, além do que pôde existir, ao embarcar aos 89 anos, seguindo na fé que andava com ele.
Seus discursos performáticos, sempre de improviso, suas mãos falavam, numa corrente e toda a ação da sua palavra, me tornou admirador da sua pessoa.
Eu ficava besta com aquele homem falando, como se não estivéssemos num Tribunal, mas numa sala de aula, tamanha simplicidade e, bem certo do que dizia, ensinava e sabia o que dizia
Um homem alto, bem alto, pequeno, os filhos e netos também.
Onde cabia sua alma, ele estava, cheia de âmbares, barcos, dos quais seria impossível resistir a necessidade de ouvir a sua inspiração livre.
Parecia um capitão do mato, olhos faróis, olhando o mar de Camboinha onde terminou sua vida na busca de um sinal de esperança, revelado, acreditado, realizado.
Nunca tinha visto um homem parecido com meu pai, bondoso quanto meu pai. Um homem impetuoso, caridoso, o esplêndido da família.
Quando meu filho Vítor nasceu, o desembargador Júlio Aurélio me encontrava no corredor do Tribunal e indagava: “Como vai o menino Vitor?” E repetia essa oração.
Ele me chamava semanalmente ao gabinete da presidência, e conversava comigo como se fossemos personagens da “Revolução dos Bichos” (de George Orwell) – colocava uma nota de dinheiro no meu bolso e dizia – “Isso é para o menino Vitor”, e me deixava alegre, primordial, transformador.
Era isso que o desembargador Júlio Aurélio era, um transformador.
Isso dele dizer “é para o menino Vítor” – nossas vidas em movimentos, da linguagem pura sem nenhum outro sentido, que não fosse o bem-querer o querer bem.
Hoje não tem Kapetadas
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BOLETIM DA REDAÇÃO - 28/02/2025